Em carta enviada ao Secretário-Geral da ONU, António Guterres, a Venezuela acusa o governo de Jair Bolsonaro de se tornar “o principal obstáculo para salvar vidas no pior momento da pandemia” do coronavírus, e por este motivo, pediu à Organização das Nações Unidas (ONU) que intervenha para que “o Brasil assuma e controle o tragédia e, assim, proteger toda a América do Sul“.
A carta, assinada pelo Ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, faz um panorama do que está acontecendo no Brasil, situação que consideram “perigosa” e que “está ameaçando” toda a América do Sul.
Arreaza aponta que o Brasil é o país da região com mais casos e óbitos por coronavírus – com 11.277.717 infectados e 272.899 óbitos até esta quinta-feira, 11 de março, quando o número de mortes diárias segue acima de 2,2 mil pelo segundo dia consecutivo – e “ocupação hospitalar, em particular o número de leitos disponíveis em unidades de terapia intensiva, está crescendo”.
Apesar dessa realidade, diz a carta, Bolsonaro, “de forma insana, se recusa a estabelecer políticas de coordenação sanitária, tanto com as autoridades dos entes federativos do território brasileiro, quanto com as autoridades dos países vizinhos”, a fim de reduzir o número de infecções , mortes e o fardo dos sistemas de saúde pública.
Da mesma forma, Caracas explica ao chefe da ONU o motivo pelo qual essa situação tem um impacto profundo em toda a região: “O Brasil é o país com maior extensão territorial e população da América do Sul, fazendo fronteira com nove países. E um território colonial, incluindo 2.200 quilômetros com a Venezuela. “
Variante brasileira
A Venezuela expressa sua preocupação, em particular, com o número de casos confirmados de coronavírus nos estados do Amazonas e Roraima, com quem faz fronteira, e, principalmente, o temor pela circulação da variante P.1 do SARS-CoV-2, que é originária de Manaus.
Na última quarta-feira, 3 de março, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, informou que esta variante P.1 foi detectada em três cidades do país. Em seguida, especificou que havia 10 casos ativos dessa cepa: dois em Caracas, dois em Miranda e seis no estado de Bolívar.
Não é a primeira vez que a Venezuela alerta a ONU sobre o perigo que a situação no Brasil representa para a região. Em junho de 2020, de acordo com a carta enviada recentemente, eles já haviam alertado que a negação da gravidade da pandemia por parte das autoridades brasileiras e a falta de políticas públicas para conter as infecções levariam à realidade que se vive atualmente.
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