A usina nuclear Angra 1, localizada no Rio de Janeiro, recebeu a aprovação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para estender sua operação por mais 20 anos, até dezembro de 2044. A decisão representa um investimento significativo de R$ 3,2 bilhões pela Eletronuclear, distribuídos em cinco anos, de 2023 a 2027. As parcelas anuais prevêem aportes de aproximadamente R$ 720 milhões nos primeiros quatro anos, e R$ 320 milhões em 2027.
O processo de renovação da licença teve início em 2019, desencadeando um esforço da Eletronuclear para atender às rigorosas exigências da CNEN. Um grupo de trabalho dedicado foi criado para modernizar a usina e garantir o cumprimento de todos os requisitos regulamentares, assegurando a segurança e a eficiência da operação.
Para o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, a aprovação da licença é uma conquista importante, especialmente considerando a busca pela retomada da construção de Angra 3. Esta última empreitada, no entanto, depende ainda de uma decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Lycurgo comemorou a decisão, traçando um paralelo entre Angra 1 e usinas similares nos Estados Unidos que já operam há décadas, com aprovação para funcionar por até 80 anos. Ele também elogiou o trabalho da equipe técnica da empresa nos últimos cinco anos.
Angra 1: dados relevantes
Iniciada em 1985, Angra 1 é a primeira usina nuclear brasileira. Utilizando um reator de água pressurizada (PWR), o tipo mais comum globalmente, a usina possui capacidade de 640 megawatts, fornecendo energia suficiente para uma cidade com 2 milhões de habitantes. Sua contribuição para o Sistema Interligado Nacional (SIN) é contínua, 24 horas por dia.
Em 2023, a usina gerou 4,78 milhões de MWh. O fator de carga dos últimos cinco anos atingiu 88,24%, indicando que a usina operou, em média, como se estivesse em sua capacidade máxima por 322 dias ao ano. Isso demonstra um alto nível de eficiência.
Adquirida da Westinghouse em regime turn key – um pacote fechado que não incluía transferência de tecnologia – a Eletronuclear acumulou expertise significativa ao longo dos anos. Esse conhecimento permite agora à empresa implementar um programa contínuo de melhorias tecnológicas e incorporar inovações da indústria nuclear, superando os resultados de usinas similares em termos de eficiência.
A extensão da vida útil de Angra 1 representa um marco para a indústria nuclear brasileira, demonstrando a maturidade tecnológica do país no setor e a viabilidade econômica da energia nuclear como fonte de geração de energia limpa e estável.
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