Relembre como foi o último feriado da Independência no Governo Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022 participou do ato em comemoração ao Dia da Independência (7 de setembro), em Brasília. As manifestações foram convocadas por ele, inclusive em propaganda no rádio e na TV. O movimento repetiu o que também foi realizado por Bolsonaro em 2021 quando também participou de atos a seu favor no 7 de Setembro. O ex-presidente ainda atacou o ministro do STF Alexandre de Moraes e disse que não mais cumpriria suas decisões.
Na época, em uma convenção partidária e lançamento de sua chapa pela reeleição, o ex-presidente Bolsonaro fez novas críticas ao STF e convocou a população a ir às ruas “pela última vez” no 7 de Setembro. Em referência a ministros do Supremo, afirmou que o “surdos de capa preta” devem ouvir a voz do povo. “Nós somos a maioria, somos do bem, temos disposição para lutar pela nossa liberdade, pela nossa pátria. Convoco todos vocês agora para que todo mundo no 7 de setembro vá às ruas pela última vez. Vamos às ruas pela última vez!”, pontuou. “Esses poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo. Têm que entender que quem faz as leis é o Poder Executivo e Legislativo. Todos têm que jogar dentro das 4 linhas da Constituição”, finalizou.
Manifestações do 7 de setembro de 2022
Na madrugada do 7 de setembro, caminhões da Polícia Militar bloquearam o acesso do público à Esplanada dos Ministérios. A região foi isolada, em preparação para o desfile cívico-militar aproximadamente 5 mil pessoas estiveram no ato, incluindo pouco mais de 3 mil integrantes das Forças Armadas.
Grupos que foram às ruas levaram faixas com ameaças aos ministros do Supremo Tribunal Federal e pedidos de intervenção das Forças Armadas. Algumas tinham mensagens em outros idiomas, como inglês, espanhol e francês, em defesa de uma intervenção das Forças Armadas e dissolução de órgãos do Judiciário (Supremo Tribunal Federal e Tribunal Superior Eleitoral) e do Congresso Nacional. A Constituição Federal de 1988 proíbe intervenção militar sob pretexto de “restauração da ordem”.
Na capital federal, Brasília, os grupos favoráveis ao ex-presidente se reuniram no local onde ocorrem as comemorações oficiais do 7 de Setembro. Algumas faixas pediam intervenção militar e diziam que o país vive sob uma “ditadura da toga”. Mesmo embaixo de chuva, manifestantes se reuniram na Avenida Paulista em ato a favor de Bolsonaro. Cartazes em várias línguas com críticas a ministros do STF e pedidos para voto impresso com contagem pública foram levadas para a manifestação.
Expectativa para 2023
Neste ano o tradicional desfile do 7 de Setembro, em Brasília, contará com inovações. Planejada em quatro eixos temáticos, a celebração vai valorizar, entre outros pontos, a ciência e a defesa da Amazônia. O evento em 2023, primeiro do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), representará um esforço do governo para afastar os registros antidemocráticos observados nos últimos dois anos.
De acordo com o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, as comemorações deste ano vão “resgatar” os valores da República e símbolos oficiais. “Nossa mensagem principal com esta celebração nacional é a de união das pessoas, das famílias. Nação quer dizer ‘união de um povo’, sentimento de pertencimento. Vamos resgatar os valores da República, os símbolos oficiais, como a Bandeira do Brasil e o Hino Nacional. Exaltar esses símbolos nacionais é fundamental para reavivar o que está na Constituição brasileira”, afirmou.
O 7 de Setembro comemora a Independência do Brasil, que completará 201 anos. Os desfiles tiveram início, segundo o Arquivo Histórico do Exército, a partir da proclamação da República, em 1989. Nos últimos dois anos, porém, o evento cívico-militar ganhou repercussões que ultrapassaram o caráter oficial. Vale lembrar que em 2021, o então presidente Jair Bolsonaro usou o espaço para disparar ataques a autoridades do Judiciário, e manifestações paralelas convocadas junto a apoiadores exibiram faixas e discursos antidemocráticos, com pedidos de intervenção militar.
O desfile de 7 de setembro
Acontecerá em Brasília na Esplanada dos Ministérios, no centro da capital federal o desfile de 7 de Setembro. Com expectativa de reunir cerca de 30 mil pessoas, o evento está previsto para as 9h e deve durar 2 horas. De acordo com a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência, a celebração contará com o tradicional show aéreo da Esquadrilha da Fumaça, da Força Aérea Brasileira (FAB).
Ministros, chefes de Poderes e representantes das Forças Armadas estarão ao lado do presidente Lula na tribuna de honra, que deve reunir cerca de 200 convidados. Confira segundo informações da Secom alguns itens que não serão permitidos no dia 7:
- fogos de artifício e similares
- armas de fogo e simulacros
- apontador a laser ou similares
- artefatos explosivos
- sprays e aerossóis
- mastros para sustentar, ou não, bandeiras, cartazes
- garrafas de vidro e latas
- drogas ilícitas
- substâncias inflamáveis de qualquer tamanho ou tipo
- armas brancas ou qualquer objeto que possa causar ferimentos
Bolsonaro é alvo de ação no TSE
Bolsonaro está na mira do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em uma ação que investiga suposto uso eleitoral, em 2022, dos desfiles do 7 de Setembro em Brasília e no Rio de Janeiro. O PDT, autor da ação, afirma que houve abuso de poder político e econômico pelo uso do cargo e de estrutura para “desvirtuar o evento para promoção de sua candidatura”. De acordo com a sigla, os gastos com o evento alcançaram R$ 3,38 milhões.
Na última semana, a Corte Eleitoral deu início à fase de depoimentos na ação. Já foram ouvidos o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) e Eduardo Maragna, que integra a equipe do cerimonial do Ministério da Defesa. Em julho deste ano, o ministro Benedito Gonçalves, do TSE, multou Bolsonaro e o ex-ministro Walter Braga Netto, candidato a vice, em R$ 110 mil por descumprirem decisão para excluir conteúdos captados durante o desfile.