Lula assina decreto para Brasil voltar a comprar energia da Venezuela
Na manhã desta sexta-feira (04) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou para o Amazonas onde relança o programa Luz para Todos. No evento, Lula deverá assinar um decreto que autoriza o Brasil a importar energia elétrica de países vizinhos. A medida é necessária para que o país volte a comprar energia da hidrelétrica de Guri, na Venezuela.
A importação já era realizada pelo estado de Roraima, único que ainda não está conectado ao Sistema Interligado Nacional, uma rede que liga todos os outros estados brasileiros por meio de linhas de transmissão elétrica. A compra da energia venezuelana foi interrompida no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Durante uma entrevista, o ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira afirmou que parar de importar energia dos vizinhos venezuelanos foi uma decisão ideológica do governo Bolsonaro. “Uma decisão distorcida do interesse público deixou de comprar essa energia de Guri e passou a comprar energia de três usinas: duas a gás e uma a óleo, colocando mais de 40 caminhões por dia na BR-174 levando óleo diesel até a usina”, afirmou o ministro.
A determinação do novo decreto tem como intuito estabelecer políticas nacionais para “integração eletroenergética com outros países”. De acordo com Silveira, essa medida é necessária para que a linha de transmissão que conecta a Venezuela ao Brasil seja renovada. Em cerimônia Lula destacou que o governo vai cuidar da Amazônia, em especial do povo que vive na região.
“Cuidar da Amazônia é a gente começar dizendo que não quer transformar a Amazônia em um santuário, que a gente quer cuidar de cada igarapé, de cada animal, de cada passarinho, de cada flor, da nossa água, mas sobretudo, eu quero cuidar do povo, amazônidas que moram aqui. Nós vamos fazer o que precisa ser feito, nós não aceitaremos e não há admitiremos garimpo ilegal em terra pública, madeireiro ilegal”, declarou Lula .
Governo Lula inaugura Linhão de Tucuruí
Ainda durante o evento em Parintins, Lula também vai assinar uma ordem de serviço para o início das obras do chamado Linhão do Tucuruí, uma linha de transmissão que vai ligar Manaus a Boa Vista e conectar Roraima ao Sistema Interligado Nacional. A obra que nunca saiu do papel é solicitada há anos pelo governo de Roraima, que sofre frequentemente com a falta de energia.
Uma das principais complicações para a realização da obra é que o linhão vai cortar a terra indígena Waimiri-Atroari, povo que quase foi dizimado durante a construção da BR-174, na década de 1960, chegando a ter 374 indígenas. Hoje, a população Waimiri-Atroari passa de 2.500 pessoas vivendo em 84 aldeias.
O trauma da construção da BR-174 atrasou a negociação para construir o linhão. Ano passado, porém, o povo Waimiri-Atroari aceitou a linha de transmissão, que terá 237 torres dentro da terra indígena. Uma das exigências dos indígenas foi a construção do Centro de Gestão Ambiental Kinja, que será administrado pelos próprios Waimiri-Atroari para fiscalizar as obras.