Após colocar câmera em PMs, SP apresenta queda de mortes
Segundo Samira Bueno os adolescentes são estigmatizados como um grupo suspeito por definição, especialmente se pretos, pobres e periféricos.
Segundo levantamento divulgado nesta terça-feira (16), realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com a Unicef, houve uma queda na taxa de mortalidade dentre os adolescentes, se compararmos ao ano de 2022 (quando a porcentagem apresentada era de 80,1%).
O avanço foi possível após terem implementado câmeras em policiais militares, uma vez que frequentemente há casos em que eles passam do ponto e realizam abordagens inadequadas ao cargo, consistindo em abuso de autoridade.
Desta forma, dentre os anos de 2020 e 2022, 62 batalhões da Policia Militar de São Paulo aderiram câmeras portáteis durante o serviço realizado pelos profissionais.
É possível perceber a redução de mortes por meio dos seguintes dados:
- No ano de 2017, quando a medida entrou em vigor, havia um total de 171 mortes motivadas por intervenções policiais – isto com jovens de 15 a 19 anos – .
- Já no ano seguinte, após resolverem colocar câmeras, houve uma redução. Sendo assim, o total foi de 47 mortes.
- Concomitantemente, no ano passado foram registradas 34 mortes, sendo o menor número dentre os anos anteriores. De acordo com o Ministério Público de São Paulo em um relatório de Letalidade Policial em Foco, a quantidade representa o menor número da série histórica.
Além disso, este número é o menor também da série histórica da Secretaria da Segurança Pública desde o ano de 2001, a partir do momento que começaram a separar mortes praticadas por policiais tanto em serviços como fora dele.
Segundo Samira Bueno, diretora do fórum, com a redução da letalidade que é provocada pela polícia militar, seria possível oferecer uma perspectiva de vida para os jovens que são vítimas recorrentes de violência policial.
Sobretudo, a diretora destacou um ponto importante: ”Estamos falando de uma interação muito violenta com adolescentes, que são estigmatizados como um grupo suspeito por definição, especialmente se pretos, pobres e periféricos”.
A fala de Bueno é extremamente pertinente, uma vez que, ao realizarmos uma comparação, os casos de homens negros e mulheres negras vítimas de violência policial se tornam muito maiores do que o de homens brancos e mulheres brancas.
Esse fato é comprovado inclusive por um estudo realizado pela Fundação João Pinheiro em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais no ano de 2021. Deste modo, segundo os dados, houveram 3.500 boletins de ocorrências com mortos e feridos em intervenções policiais em Minas, desde 2013 até o ano de 2018.
Com isso, a partir de uma análise do perfil dos envolvidos, os profissionais puderam identificar que quase 7 em cada um dos 10 mortos ou feridos são negros.