PF apura manipulação de resultado em Campeonato Brasileiro da Série D
Caso o esquema seja confirmado, os envolvidos podem ser acusados de "crimes contra a incerteza do resultado esportivo", conforme previsto na Lei Geral do Esporte, com penas que variam de dois a seis anos de prisão.
Nesta quarta-feira (26), a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Jogo Limpo com o objetivo de investigar uma possível manipulação de resultado em partida de futebol da série D do Campeonato Brasileiro, realizada no interior de São Paulo.
A operação cumpre 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça de São Paulo, nas cidades de Patrocínio (MG), São José do Rio Preto (SP), São Paulo, Rio de Janeiro, Tanguá (RJ) e Nova Friburgo (RJ).
Conforme apuração do N10 Notícias, a investigação foca no jogo entre Inter de Limeira e Patrocinense, disputado em Limeira no dia 1º de junho, onde o Inter de Limeira venceu por 3 a 0. A PF informou que a investigação começou a partir de um ofício da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que incluía um relatório da Sportradar. O relatório indicava que havia movimentações suspeitas em casas de apostas, sugerindo que apostadores tinham conhecimento prévio de que uma equipe perderia o primeiro tempo por pelo menos dois gols.
Os investigados incluem jogadores, empresários e o técnico do Patrocinense na época do jogo. Buscas também foram realizadas na sede do time em Patrocínio. Até esta quarta-feira (26), o Patrocinense ocupava a última posição no grupo A7 da série D do Brasileirão, com 1 vitória, 2 empates e 7 derrotas em 10 jogos.
Parceria
A Sportradar, empresa suíça especializada na detecção de fraudes em apostas e manipulação de resultados esportivos, relatou que “99% das tentativas de apostas no mercado de ‘totais de gols do primeiro tempo’ dessa partida foram para tal resultado“. Durante o jogo, a equipe visitante sofreu três gols no primeiro tempo, um deles contra.
De acordo com a PF, os alvos da operação incluem membros e ex-membros de uma das equipes envolvidas. Uma empresa teria firmado parceria com um dos clubes, e vários jogadores por ela agenciados foram contratados. A investigação procura determinar a influência dessas pessoas no resultado da partida.
Caso o esquema seja confirmado, os envolvidos podem ser acusados de “crimes contra a incerteza do resultado esportivo“, conforme previsto na Lei Geral do Esporte, com penas que variam de dois a seis anos de prisão.
A PF atua no caso com “autorização expressa do Ministro da Justiça e Segurança Pública, devido à repercussão nacional do caso, que exige repressão uniforme“.
Além disso, a Polícia Federal firmou um memorando de entendimento com a Sportradar para o intercâmbio de informações relevantes no combate à corrupção no esporte. Este acordo permite à corporação acesso a análises sobre a integridade esportiva e indicações de manipulação em eventos esportivos.