Prates afirma que sua missão na Petrobras “foi precocemente abreviada”
Os embates públicos entre Prates e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, especialmente sobre os dividendos extraordinários, têm marcado o período de gestão do agora ex-presidente.
O presidente-executivo da Petrobras, Jean Paul Prates, anunciou nesta terça-feira (14) que pediu para deixar o comando da estatal petrolífera brasileira. A notícia, divulgada por um comunicado da companhia, resultou em uma queda de mais de 6% nas negociações dos recibos de ações da empresa (ADRs) no pós-mercado da bolsa de Nova York.
Prates declarou que sua “missão foi precocemente abreviada“, conforme expresso em uma mensagem a amigos captada pela Reuters. A saída ocorre em um contexto de tensões internas, onde analistas de mercado já apontam uma possível “deterioração da governança” na Petrobras, o que poderia comprometer a estabilidade da companhia.
O Ministério de Minas e Energia indicou Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e figura conhecida durante a gestão de Dilma Rousseff, como potencial substituta para Prates. Segundo um relatório do Citi, Chambriard assume o cargo “pressionada para cumprir o plano de investimentos e acelerar a expansão do capex“, o que, segundo eles, “pode impactar negativamente no pagamento de dividendos da empresa“.
A mudança na liderança da Petrobras vem a público um dia após o anúncio dos resultados do primeiro trimestre da empresa, que revelou uma queda de 38% no lucro, totalizando 23,7 bilhões de reais. Esse resultado vem em um momento de descontentamento do governo com a direção que a empresa estava tomando, especialmente em relação ao não reajuste dos preços da gasolina e diesel e ao lento investimento em áreas como gás natural e o setor de fertilizantes e indústria naval.
Os embates públicos entre Prates e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, especialmente sobre os dividendos extraordinários, têm marcado o período de gestão do agora ex-presidente. Prates ressaltou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia solicitado sua saída, destacando também a satisfação de Silveira e do ministro da Casa Civil, Rui Costa, com essa decisão.
A reunião do conselho de administração da Petrobras, que está agendada para esta quarta-feira (15), deverá deliberar sobre o pedido de Prates para encerrar antecipadamente seu mandato como CEO. Caso o conselho aprove, Prates também pretende renunciar ao seu cargo no conselho de administração da companhia.
O Palácio do Planalto e o Ministério de Minas e Energia não se pronunciaram sobre a situação até o momento da publicação desta matéria.