Italiano é preso em Natal acusado de ligação com a máfia e lavagem de 50 milhões de euros
Segundo a PF, as investigações começaram em 2022, e a organização mafiosa atuava no RN havia "quase uma década".
Em uma operação conjunta entre a Polícia Federal brasileira e a Direção Antimáfia do Ministério Público de Palermo, no sul da Itália, foi preso nesta terça-feira (13) em Natal, no Rio Grande do Norte, o italiano Giuseppe Bruno, acusado de envolvimento em um esquema internacional de lavagem de dinheiro vinculado à Cosa Nostra.
Giuseppe Bruno, originário de Bagheria, cidade localizada na Sicília, com cerca de 50 mil habitantes, estava vivendo no Brasil desde 2016. Ele é acusado de ser parte de uma organização que teria movimentado cerca de 50 milhões de euros (aproximadamente R$ 300 milhões) por meio de empresas no Brasil, Itália e Suíça. Entre os bens apreendidos na operação estão ativos de 17 indivíduos e 12 empresas, todas investigadas por participação no esquema, que atuavam em setores como o imobiliário, construção civil e restaurantes.
A operação resultou em mandados de busca e apreensão realizados em diversas regiões da Itália, incluindo Sicília, Emilia-Romagna, Lazio, Toscana e Vêneto, além de ações executadas no Brasil e na Suíça. Os crimes investigados abrangem desde associação mafiosa, extorsão, lavagem de dinheiro até transferência fraudulenta de valores, todos ligados ao suporte a famílias mafiosas conhecidas.
O esquema seria encabeçado por Giuseppe Calvaruso, chefe do clã Pagliarelli (em Palermo), da Cosa Nostra, e que vivia foragido no Brasil, mas que foi preso ao viajar à Itália para a Páscoa em 2021.
Segundo as autoridades italianas, o esquema de lavagem de dinheiro envolvia complexos mecanismos financeiros, incluindo a utilização de múltiplas contas bancárias em instituições no exterior, principalmente para legitimar recursos oriundos do crime.
As investigações indicam que os ativos investidos pela máfia no Brasil podem ultrapassar 500 milhões de euros (mais de R$ 3 bilhões), valor que reflete a profundidade da infiltração da máfia italiana no mercado imobiliário e financeiro brasileiro.
Atuante no Brasil
Segundo a PF, as investigações começaram em 2022, e a organização mafiosa atuava no RN havia “quase uma década”.
“As evidências coletadas até o momento indicam que a máfia italiana utilizou empresas fantasmas e laranjas para facilitar a movimentação e a ocultação de fundos ilícitos, provenientes de atividades criminosas internacionais“.
A partir de 2016, a organização teria decidido levar seus investimentos para o maior país da América Latina, contando, em um primeiro momento, com o apoio de um empresário romano que seria preso no Brasil em 2019, acusado de ser mandante de um homicídio ocorrido cinco anos antes, em Natal.
Calvaruso teria dado a esse empresário dinheiro tirado diretamente dos caixas da Cosa Nostra para investir no mercado brasileiro entre 2016 e 2017.
A Operação Arancia teve a participação de mais de 100 agentes financeiros italianos, alguns dos quais encontram-se no Brasil, e ocorreu no âmbito da Equipe Conjunta de Investigação (ECI), criada em em 2022 e que envolve a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e autoridades judiciais e policiais da Itália, com apoio da Eurojust, agência da União Europeia que facilita investigações e processos que englobem múltiplos países.
Com informações da Agência ANSA*