(ANSA) – A Nasa revelou nesta terça-feira (12) que o telescópio espacial James Webb já conseguiu identificar vapor de água na atmosfera de um exoplaneta situado a pouco mais de mil anos-luz da Terra.
Trata-se do Wasp-96b, um gigante gasoso com tamanho equivalente e metade da massa de Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar.
Esse exoplaneta está mais próximo de sua estrela do que Mercúrio do Sol, o que impede a existência de água em estado líquido, mas a detecção de vapor de água já mostra o potencial de descobertas representado pelo James Webb.
O Wasp-96b foi observado pelo telescópio enquanto passava diante de sua estrela, cujos raios de luz são filtrados pela atmosfera do exoplaneta.
Ao analisar o espectro dessa luz, os cientistas conseguiram confirmar a presença de água em estado gasoso e nuvens na atmosfera do Wasp-96b, uma vez que cada elemento químico absorve e emite um espectro diferente, como se fosse uma impressão digital.
É por meio desse recurso que o James Webb poderá investigar a presença de possíveis marcadores biológicos da vida como a conhecemos na atmosfera de outros exoplanetas.
Primeiras imagens
Esses são os primeiros dados espectroscópicos do telescópio especial divulgados pela Nasa, que também revelou o primeiro lote de imagens científicas e a cores produzidas pelo observatório.
Uma delas, que mostra milhares de galáxias a bilhões de anos-luz da Terra (algumas delas dos primórdios do Universo), já havia sido antecipada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na última segunda-feira (11).
As outras três fotos exibem a nebulosa planetária do Anel do Sul (2 mil anos-luz de distância); um aglomerado de galáxias conhecido como “Quinteto de Stephan” (290 milhões de anos-luz); e a nebulosa de Carina (7,6 mil anos-luz), uma das mais brilhantes do céu noturno.
Nebulosas são nuvens de poeira e gás onde surgem as estrelas, enquanto nebulosas planetárias também são enormes nuvens de gás, mas que circundam estrelas de massas semelhantes à do Sol no fim de suas vidas.
No caso da Anel do Sul, a imagem mostra um sistema binário rodeado por camadas de gases expelidas por uma das estrelas antes de se tornar uma anã-branca, remanescente estelar altamente denso e que não faz mais fusão nuclear.
Por sua vez, a imagem da nebulosa de Carina exibe uma vasta nuvem vermelha em volta de centenas de estrelas “recém-nascidas” que ficavam escondidas dos outros telescópios – por observar em infravermelho, o James Webb consegue ver através da nuvem de gás. É a primeira vez que o interior de uma nebulosa é visto com esse nível de detalhes.
Por fim, a foto do Quinteto de Stephan mostra um grupo de cinco galáxias, sendo que quatro delas estão em processo de fusão. Os cientistas conseguiram observar ondas de choque provocadas pela colisão de gases intergalácticos, deduzindo a presença de buracos negros supermassivos.
Projeto ambicioso
O James Webb foi lançado ao Espaço pelo foguete Ariane 5, em 25 de dezembro, e aos poucos foi se desdobrando para atingir sua configuração final.
Atualmente, ele se encontra no ponto conhecido como Lagrange 2 (L2), onde a influência gravitacional do Sol e da Terra se anulam, permitindo que o observatório permaneça no local com um gasto mínimo de combustível.
Ao contrário do veterano Hubble, que capta sobretudo a luz visível, o James Webb observa em infravermelho, o que lhe permite estudar fenômenos mais distantes no tempo, como o surgimento das primeiras galáxias.
Enquanto o Hubble, por exemplo, consegue observar eventos ocorridos há 13,2 bilhões de anos, o James Webb poderá chegar 13,5 bilhões de anos atrás – estima-se que o Big Bang tenha ocorrido há 13,7 bilhões de anos.
Como o Universo está em expansão, as ondas de luz visível emitidas naquela era primordial são “esticadas” em seu caminho até nós, deslocando-se até a faixa do infravermelho, que é invisível para o olho humano.
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