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Governo descarta retorno do horário de verão em 2024

O horário de verão costumava ser implementado entre outubro/novembro e fevereiro/março de cada ano.

O governo federal confirmou nesta quarta-feira (16) que o horário de verão não será adotado em 2024. Após reunião com autoridades do setor energético, a decisão foi anunciada como parte da estratégia para garantir um melhor gerenciamento dos recursos energéticos, mas sem a necessidade de alterar os relógios este ano.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a adoção do horário de verão não traria benefícios econômicos suficientes para justificar a mudança em 2024. O ministro Alexandre Silveira já havia adiantado que a medida só seria implementada se houvesse uma necessidade urgente. “Nós hoje, na última reunião com o ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico], chegamos à conclusão de que não há necessidade de decretação do horário de verão para este período“, afirmou Silveira.

Apesar disso, o governo continuará avaliando a possibilidade de retomar a medida em 2025, conforme análise das condições climáticas e energéticas nos próximos meses. A decisão foi tomada em um contexto de melhora nos níveis de chuvas e nos reservatórios das hidrelétricas, que, segundo o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), reduz a urgência da medida para o próximo verão.

Caso a medida fosse adotada ainda este ano, haveria pouco tempo para que setores como o da aviação pudessem se ajustar.

Impacto econômico e avaliação do ONS

Em setembro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estimou que a economia gerada pela adoção do horário de verão já em 2024 seria de R$ 400 milhões. No entanto, o ONS também apontou que se a medida for adotada a partir de 2026, a economia anual pode alcançar R$ 1,8 bilhão. Além disso, a implementação do horário de verão pode contribuir para o melhor aproveitamento das energias solar e eólica, reduzindo o pico de consumo em até 2,9%.

O ONS explicou que, com a adoção do horário de verão, o pico de consumo de energia poderia ser deslocado para um período com maior incidência de luz solar, o que evitaria a necessidade de acionar as usinas termelétricas, que têm um custo mais elevado e são mais poluentes.

O horário de verão, implementado de forma contínua no Brasil desde 1985 até sua suspensão em 2019, sempre teve como principal objetivo reduzir o consumo de energia elétrica, aproveitando a luz natural dos dias mais longos. No entanto, com a evolução do comportamento da sociedade e o aumento do consumo de energia, como o uso de ar-condicionado em larga escala, a eficácia da medida foi diminuindo.

Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro suspendeu o horário de verão, afirmando que a economia gerada não justificava os transtornos causados à população. A medida, no entanto, voltou a ser discutida este ano, principalmente como uma alternativa para reduzir o acionamento das termelétricas, ajudando a preservar os reservatórios das hidrelétricas durante os períodos de seca.

Estudo da UFRN aponta riscos à saúde com a volta do horário de verão

Com a possibilidade de retorno do horário de verão, os debates sobre seus impactos voltaram à tona, especialmente com relação à saúde da população. Um estudo realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) mostrou que mais de 50% dos participantes relataram desconfortos com a mudança no horário. O estudo revelou que os principais efeitos negativos incluem dificuldades para dormir, alterações no humor e uma queda no desempenho cognitivo.

A pesquisa, baseada em questionários respondidos por 1.200 pessoas, embasou o alerta de um manifesto publicado no dia 27 de setembro deste ano – por 26 cientistas de diversas instituições, como a USP e a Fiocruz. O documento destacou que a mudança de horário pode causar problemas no ritmo biológico das pessoas, que estão naturalmente sincronizadas com os ciclos de luz e escuridão. “A exposição à luz natural é crucial para sintonizar nosso relógio biológico com o ambiente“, afirmam os pesquisadores.

Além disso, o estudo também alertou para o aumento no número de acidentes de trânsito, especialmente nos primeiros dias de vigência do horário de verão, quando muitos ainda estão se adaptando ao novo horário. Isso é corroborado por pesquisas internacionais, como a publicada no New England Journal of Medicine, que mostram uma correlação entre a mudança de horário e o aumento de colisões nas estradas.

Estudo da UFRN aponta riscos a saude com a volta do horario de verao 1
Manifesto de cientistas critica impactos do horário de verão no Brasil – Imagem de Анастасия por Pixabay

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário.Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop.MTB Jornalista 0002472/RNE-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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