Eles atuam na linha de frente dos hospitais, ao lado de médicos e técnicos de enfermagem. Acompanham procedimentos, cirurgias e a recuperação de pacientes. O cuidado é uma das palavras que os definem. Quem opta pela Enfermagem desenvolve habilidades que vão além da técnica. O enfermeiro também aprende a ter empatia, sensibilidade e coragem para estar em situações na qual ficam expostos diariamente a contaminações e doenças.
No cenário atual, em que a pandemia do coronavírus tem se espalhado rapidamente e agravado o estado de saúde de milhares de pessoas ao redor do mundo ao mesmo tempo, muitos profissionais, entre eles os enfermeiros, se arriscam todos os dias para garantir a vida e a reabilitação dos pacientes.
Em São Paulo, na Bahia, em Roraima ou no do Rio Grande do Sul, espalhados por todas as regiões do Brasil, existem mais de 2 milhões de enfermeiros atuando nos diferentes níveis de atuação (básica, média e alta complexidade). Trabalhando em plantões de 12h ou 24h, eles abdicam de estar perto de seus familiares em datas comemorativas e alguns até abrem mão de voltar para casa só para não correr o risco de contaminar alguém. Esse é o retrato dos profissionais que têm lutado na linha de frente contra o novo coronavírus.
Este 12 de maio, dia internacional da enfermagem, não será como os outros. Além de ser um dia para celebrar a atuação desses profissionais, será também um dia para refletir. Mesmo com todo o cuidado e higienização, o número de profissionais da saúde contaminados pelo novo vírus, cresce a cada dia. Assim, eles precisam deixar seus postos de trabalho.
De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), esses são os profissionais que estão mais expostos à doença, isto porque mantêm contato direto com os pacientes, independentemente do estado de saúde e participam de vários processos como intubação, ventilação mecânica, banho no leito, troca de vestimentas e tantos outros.
Entre os que trabalham na linha de frente está Euzilene Duarte. A enfermeira gosta da área da saúde desde nova. Depois de aulas práticas e teóricas, avaliações e estágios e mais de 4.000 horas de carga horária, realizou o sonho de cuidar do próximo. Formou em dezembro do ano passado, mesma época do início de um dos maiores desafios da atualidade para os profissionais de saúde. Recebeu o diploma no mesmo mês que começaram a ser divulgados os primeiros casos de infecções causadas pela Covid-19.
Trabalhando em um hospital de Sorocaba, SP, Euzilene vive um momento que ela considera doloroso. “Está sendo uma experiência nova na minha carreira e, ao mesmo tempo, dolorosa pelo fato dos pacientes com Covid-19 não poderem ter contato com seus familiares nem receber visitas durante as internações”, afirma.
Ela é mãe de três meninas, de 14, 18 e 21 anos. Por isso, redobra a vigilância em casa. “Estou tendo todo cuidado. Quando chego em casa, já tiro minhas roupas no lado de fora. Sempre oriento elas também para manter os cuidados”, explica.
“Aos profissionais de saúde quero dizer que esse momento é delicado, estamos todos no mesmo barco e pedindo a Deus, todos os dias, que nos proteja e guarde a cada segundo. Tenham fé, força e dedicação a cada paciente que receberem”, declara a enfermeira. À população, Euzilene alerta para que cada um se cuide, previna, fique em casa, na medida do possível, e não se desespere.
E quem ainda não atua “no front” está se preparando para circunstâncias como essa. Por conta da pandemia, vários estudantes que estavam realizando estágios em hospitais foram afastados, para diminuir o risco de contaminação. A própria suspensão das aulas acabou retardando a participação desses estudantes no combate ao coronavírus. Ainda assim, eles compreendem a importância da profissão em tempos como esse, como afirma Ana Paula Corvelho Berger, estudante de enfermagem. Aos 19 anos, e cursando o terceiro semestre da UNIP- Dom Augusto no Paraná, ela declara: “Para mim é motivo de muito orgulho estar estudando Enfermagem, uma profissão que tem a missão de cuidar de vidas. Seria uma honra contribuir com o combate ao coronavírus neste momento. Se estivesse formada, estaria na linha de frente.”
O estudante de enfermagem Victor Ramos da Silva pensa da mesma forma. Aos 23 anos, o bolsista da UNIPAC, na cidade de Ubá, em Minas Gerais, resolveu se dedicar à área de saúde depois de um acidente que sofreu na adolescência.
“Pelos cuidados que recebi no hospital, decidi que seria enfermeiro. Aos 20 anos, comecei a atuar como técnico de enfermagem e tive a certeza que era o que queria como profissão. Hoje, com uma bolsa de estudo de 50% do Educa Mais Brasil, estou no terceiro período da graduação de Enfermagem. Já estou trabalhando em Rodeiro, interior de Minas Gerais, que tem poucos casos ainda, mas com fé em Deus, vamos vencer esta pandemia. A satisfação maior é cuidar do próximo com amor e receber um carinho verdadeiro em troca”, conclui.
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