Variedades

Rede hospitalar do RN ainda não atende crianças com cardiopatia congênita

A obrigatoriedade do exame de ecografia fetal nas mulheres grávidas a fim de que as anomalias congênitas do coração, que ocorrem entre 5 a cada 100 nascimentos, possam ser detectadas precocemente. Esta foi uma das deliberações da audiência pública promovida na manhã desta sexta-feira (10) pelo deputado Jacó Jácome (PSD) no auditório da Assembleia Legislativa, dentro da Semana da Cardiopatia Congênita, cujo data é marcada nacionalmente em 12 de junho.

O deputado se comprometeu a fazer um estudo legislativo e técnico com a maior brevidade possível acerca do projeto de lei que pretende apresentar na Casa, tornando obrigatória a realização do exame principalmente nas gestantes de alto risco. “Faremos um estudo de forma que o projeto não onere nem gere custos excessivos para o poder público, de forma que seja viável executá-lo”, afirmou o parlamentar. Os deputados Hermano Morais (PMDB) e Cristiane Dantas (PCdoB) também participaram do debate. Cristiane Dantas deu um emocionado depoimento, pois vivenciou o problema com um dos seus filhos.

No debate as questões foram centradas principalmente na deficiência da estrutura hospitalar no Estado. Um dos exemplos é o segundo maior hospital da capital, o Dr. José Pedro Bezerra, também conhecido como Hospital Santa Catarina, na zona norte de Natal, que não dispõe de aparelho de ecocardiograma nem suporte do cardiologista pediátrico para apoio à equipe multidisciplinar. No RN há um déficit de quase 300 leitos em UTI pediátrica e neonatal.

Os especialistas que participaram do debate foram unânimes em defender a necessidade do teste do coraçãozinho, a oximetria de pulso, que deve ser realizada nas primeiras 24 horas de vida, procedimento extremamente simples e que exige para os técnicos um treinamento de menos de seis horas, com um equipamento com valor inferior a R$ 2 mil. Essas foram sugestões do diretor-presidente da AMICO, entidade sem fins lucrativos que atua há 12 anos na assistência às crianças com cardiopatia congênita no RN.

De acordo com o médico Marcelo Cascudo, se a cardiopatia congênita for detectada precocemente e as crianças passarem por cirurgia no tempo adequado, mais de 70% das crianças podem levar uma vida plena, e muitas ainda podem se tornar atletas de excelente performance. “Nossa obrigação é trazer o tratamento adequado para essas crianças, tanto para aquelas que podem ter cura total e um bom desempenho nos esportes, quanto para aquelas que podem ter uma vida digna a que todos nós temos direito”, afirmou. O exame de cardiologia fetal detecta as estruturas do coração e a sua funcionalidade, verificando se está de acordo com o esperado.

Segundo o especialista, o Brasil é carente em estatísticas mais precisas, mas estima-se que das crianças com este tipo de patologia, 85% precisam de um tratamento invasivo cirúrgico nos primeiros dias de vida. Marcelo citou com preocupação a insuficiência de hospitais no RN e no Nordeste com tal capacidade. “E se nós não tivermos um bom resultado, essas crianças podem vir a óbito logo no pós operatório”, lamentou.

O médico Madson Vidal citou a falta de leitos de UTI pediátrica como um grave problema: “Infelizmente muitas vezes a morte chega precocemente, porque o bebê não tem condições de ser transportado e a maior maternidade de cuidados intensivos do nosso Estado não dispõe de um ecocardiograma”, criticou. Madson afirmou que hoje o tempo de espera para um exame de ecocardiograma na rede pública é em torno de 60 dias.

O diretor da AMICO mencionou ainda a desestruturação do SUS e falta de política de atendimento pediátrico nos níveis de baixa, média e alta complexidade como agravantes da alta morbi mortalidade para crianças enfermas. Falta de medicamentos que causam interrupção no tratamento, o risco da criança contrair outra doença e a falta de preferência para crianças nas consultas também foram mencionados.

SUS

Representando a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), a nutricionista Vitória Régia afirmou que a secretaria está realizando um levantamento do quantitativo de aparelhos para o teste do coraçãozinho, para aquisição e distribuição nas unidades. A técnica reforçou a necessidade de se regionalizar essa assistência, para evitar o deslocamento das mães e filhos para a capital. Uma boa notícia divulgada na audiência é a perspectiva de ampliação dos leitos de UTI neonatal em Caicó. Os equipamentos já foram comprados e o projeto para adequação na estrutura física está em andamento.

O debate também contou com a presença da diretora do departamento de regulação da Secretaria de Saúde de Natal, Camila de Medeiros Costa; da secretária de Educação do município de Extremoz, professora Tânia Leiros e da jornalista Flávia Freire, que vivenciaram o problema com um dos seus filhos; de representantes da Maternidade Januário Cicco e da promotora Kalina Correia.

Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.

Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário.Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop.MTB Jornalista 0002472/RNE-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Botão Voltar ao topo
Fechar

Permita anúncios para apoiar nosso site

📢 Desative o bloqueador de anúncios ou permita os anúncios em nosso site para continuar acessando nosso conteúdo gratuitamente. Os anúncios são essenciais para mantermos o jornalismo de qualidade.