Economia

O que deve mudar para motoristas de app se projeto for aprovado

Um dos destaques é que o projeto visa também a criação de uma nova categoria trabalhista no Brasil, denominada "trabalhador autônomo por plataforma", com os trabalhadores contribuindo com 7,5% sobre a remuneração.

Após extensas negociações e diversos adiamentos, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta segunda-feira (4/3) que a proposta de Projeto de Lei, destinada a estabelecer normas específicas para o trabalho de motoristas de aplicativo, foi enviada ao Congresso Nacional, aguardando avaliação do Senado e da Câmara dos Deputados.

Este movimento sinaliza uma fase importante, já que a aprovação do Congresso é indispensável para a implementação das novas regras, as quais ainda podem sofrer alterações durante o processo legislativo.

Dentre os pontos chave da proposta, destaca-se a definição de uma jornada de trabalho máxima de 12 horas diárias, com um requisito para o recebimento do piso nacional baseado em uma jornada efetiva de 8 horas diárias.

A remuneração estipulada pelo projeto é de R$ 32,09 por hora de trabalho, incluindo uma divisão entre a remuneração propriamente dita (25%) e uma parcela indenizatória (75%) destinada a cobrir custos operacionais, como uso de celular, combustível, manutenção do veículo, seguro e impostos, garantindo uma renda mínima equivalente ao salário mínimo nacional. Segundo o Palácio do Planalto, é prevista uma remuneração de, ao menos, um salário mínimo (R$ 1.412).

Nova categoria trabalhista e previdência

O projeto visa também a criação de uma nova categoria trabalhista no Brasil, denominada “trabalhador autônomo por plataforma”, introduzindo uma estrutura de contribuição previdenciária específica para esta classe. Os trabalhadores deverão contribuir com 7,5% sobre a remuneração, enquanto as empresas serão responsáveis por uma contribuição patronal de 20% sobre o mesmo valor, assegurando direitos previdenciários.

As empresas devem realizar o desconto e repassar para a Previdência Social, juntamente com a contribuição patronal, segundo a proposta do governo. O governo destaca que, no caso do auxílio-maternidade, as mulheres trabalhadoras terão acesso aos direitos previdenciários previstos para os trabalhadores segurados do INSS.

Repercussões e debates no setor

O presidente Lula, ao comentar sobre a proposta, enfatizou as novidades trazidas pelo projeto, referindo-se a ele como o nascimento de uma “nova criança no mundo do trabalho“. O Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, criticou a atual sensação de liberdade no setor, apontando para as longas jornadas e baixa remuneração como formas de exploração.

A iniciativa governamental vem em resposta a um crescente debate sobre as condições de trabalho dos motoristas de aplicativos, que, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enfrentam remunerações inferiores por hora e jornadas de trabalho mais extensas em comparação aos motoristas fora das plataformas digitais. Além disso, uma significativa parcela desses trabalhadores não contribui para a Previdência Social, “deixando-os vulneráveis em termos de seguridade” – segundo o governo.

Contexto global e movimentos legislativos

A questão do trabalho por aplicativos não é exclusiva do Brasil. Relatórios da Organização Internacional do Trabalho (OIT) indicam um aumento quíntuplo no número de plataformas digitais de trabalho na última década, levando a debates e mudanças legislativas em diversos países. Nações como Chile e Espanha já implementaram leis que asseguram direitos específicos a essa categoria de trabalhadores, enquanto na França, as empresas são obrigadas a fornecer determinados seguros aos seus empregados. No Reino Unido, decisões judiciais têm desempenhado um papel crucial na definição dos direitos dos trabalhadores de aplicativos.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário.Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop.MTB Jornalista 0002472/RNE-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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