Embora os brasileiros estejam mais atentos e informados sobre a prática dos inúmeros golpes virtuais, uma pesquisa da plataforma Reclame Aqui revelou que fraudes envolvendo o aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp continuam sendo apontadas como as que fazem o maior número de vítimas.
De acordo com os dados revelados, a maioria das pessoas que caíram em golpes diz que foi enganada por meio de mensagens recebidas pelo WhatsApp e teve a conta do aplicativo clonada (22,1%). Além disso, outras vítimas acabaram clicando em links fraudulentos que receberam por mensagem de texto de SMS (20,7%) e por boletos falsos com o código de barras adulterado (20,8%).
Outro dado preocupante revela que 76,4% dos consumidores que foram vítimas de golpes não conseguirem reaver o prejuízo, e somente 24,7% registraram boletins de ocorrência.
Entre as consequências dos golpes, 30,1% passaram dados pessoais e bancários, 20,4% tiveram os CPFs e os nomes usados em compras de terceiros não autorizadas, e 49,5% fizeram transferências financeiras para os golpistas.
“As pessoas se comunicam muito usando o WhatsApp, onde recebem muitas mensagens de confirmação de serviços que foram contratados. E isso acaba passando uma aparência de credibilidade. É uma forma de o criminoso te contatar porque, fora isso, não teria como chegar na pessoa de uma maneira mais fácil. No e-mail, por exemplo, ainda tem alguns filtros para que (a mensagem) caia no spam“, afirma a advogada Cláudia Bernard, especializada em crimes cibernéticos.
A pesquisa revela ainda que cuidados simples podem fazer a diferença e evitar fraudes. Das pessoas que conseguiram evitar os golpes, 51,4% disseram que não abrem links desconhecidos, enquanto 48,5% leem bastante para identificar os traços do crime.
Como se proteger
Clonagem de WhatsApp
A clonagem do WhatsApp é um golpe que continua em alta. Os golpistas mandam mensagens dizendo que são de empresas com as quais as vítimas têm cadastros ativos. A partir disso, é solicitado o código de segurança, enviado por SMS pelo aplicativo, afirmando se tratar de uma atualização, uma manutenção ou uma confirmação de cadastro. Com o código, é replicada a conta de WhatsApp em outro celular. Com isso, os criminosos enviam mensagens para os contatos da pessoa, fazendo-se passar por ela e pedindo dinheiro emprestado e transferência via Pix.
Engenharia Social no WhatsApp
No golpe de engenharia social com WhatsApp, o criminoso escolhe uma vítima, pega sua foto em redes sociais, e, de alguma forma, consegue descobrir números de celulares de contatos da pessoa. Com um novo número de celular, envia mensagens para contatos, informando que teve de trocar de número devido a algum problema. Assim, aproveita e pede uma transferência via Pix, dizendo estar em alguma emergência.
Phishing
Os ataques de phishing são muito comuns e usam mensagens que aparentam ser reais para que o indivíduo forneça informações confidenciais, como senhas e números de cartões. Por isso, muito cuidado com qualquer mensagem que receber por e-mail ou por redes sociais, principalmente, as que têm links suspeitos ou que pedem dados pessoais.
Falsos funcionários
No golpe do falso funcionário de instituição financeira, a vítima recebe contato passando por funcionário do banco ou empresa financeira oferecendo ajuda para cadastro da chave Pix ou afirmando a necessidade de realizar algum teste, induzindo à realização de transferência bancária que será feita, na realidade, para a conta do golpista.
Golpe do bug
Esse golpe aproveita da má-fé da vítima, pois espalha em redes sociais (vídeos ou mensagens de WhatsApp, por exemplo), informações de que o Pix está com alguma falha em seu funcionamento (chamado de bug), e é possível ganhar dinheiro ao transferir valores para chaves aleatórias. Contudo, ao tentar tirar proveito dessa ação, a vítima enviará dinheiro para golpistas.
O que fazer?
As pessoas devem sempre suspeitar de mensagens pedindo dinheiro, principalmente, quando são urgentes. Dessa forma, antes de qualquer ação, busque ter certeza de saber com quem está falando.
Verificação em duas etapas
Uma medida simples para evitar golpe é habilitar, no aplicativo, a opção “Verificação em duas etapas”, basta acessar e seguir o seguinte caminho: Configurações/Ajustes > Conta > Verificação em duas etapas. Desta forma, é possível cadastrar uma senha que será solicitada periodicamente pelo app. Porém, os golpistas já estão conseguindo vencer essa barreira também. Por isso, deixe a família e os conhecidos avisados de que nunca vai solicitar dinheiro por esse meio.
Desconfie de promoções
Fique atento a sorteios e promoções que pedem o número de telefone do usuário. Além disso, recebendo mensagem de alguém que afirma ter mudado o número, certifique-se dessa informação.
Instituições financeiras
As instituições financeiras não solicitam dados pessoais ativamente e bancos não fazem teste de Pix. Os sistemas bancários não enfrentam bugs que dê dinheiro às pessoas.
Fonte: Afonso Morais, advogado especialista em cobrança e Direito do Consumidor.
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