O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, fez um pronunciamento à imprensa na tarde desta terça-feira (26) sobre a ação da Polícia Federal no âmbito da Operação Placebo e se disse “indignado” com as acusações. Para o político, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi levado a erro por uma “fantasia”.
“Quero manifestar minha absoluta indignação com o ato de violência que o estado democrático de direito sofreu. Eu tenho todo respeito ao ministro Benedito [Gonçalves], mas a narrativa que foi levada ao ministro é fantasiosa. Não vão conseguir colocar em mim o rótulo da corrupção”, pontuou.
Em outro ponto, Witzel afirmou que o presidente da República, Jair Bolsonaro, está fazendo uma “perseguição política” contra os governadores do país “que são considerados inimigos”. Para o governador, o mandatário, além de “ignorar o período que estamos vivendo”, começa a fazer “perseguições políticas”.
“Vou continuar lutando contra esse fascismo que está se espalhando pelo nosso país, contra essa ditadura da perseguição, contra esse presidente que eu ajudei a eleger”, afirmou destacando que quer evitar que Bolsonaro “se torne um ditador”.
“Estou com a minha consciência tranquila. Eu prometi o povo que não o decepcionarei e não vou decepcioná-lo, mesmo lutando contra forças maiores do que eu. Continuarei trabalhando de cabeça erguida”, ressaltou.
Witzel ainda atacou o filho do presidente, Flávio Bolsonaro, e indiretamente lembrou dos episódios que foram denunciados pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que disse que o presidente queria interferir na PF.
“Ao contrário do que se vê na família do presidente Bolsonaro, a família engaveta inquéritos, vaza informações. O senador Flávio Bolsonaro, com todas as provas que temos contra ele, já devia estar preso. Isso sim. A Polícia Federal deveria fazer o seu trabalho com a mesma serenidade que passou a fazer no Rio de Janeiro porque o presidente acredita que estou perseguindo a família, e ele acredita que a única alternativa é me perseguir politicamente”, disse ainda.
Operação Placebo
A Operação Placebo, deflagrada hoje (26) pela Polícia Federal (PF), no Rio de Janeiro, vai aprofundar as investigações para apurar a existência de um esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha e servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do estado. De acordo com a PF, os elementos de prova obtidos durante as apurações foram compartilhados com a Procuradoria-Geral da República (PGR), dentro da investigação que ocorre no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Os trabalhos começaram com a Polícia Civil, o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal (MPF).
No início da manhã, policiais federais chegaram ao Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador do Rio, Wilson Witzel, na zona sul da cidade. Segundo a PF, a Operação Placebo apura “indícios de desvios de recursos públicos destinados ao atendimento do estado de emergência de saúde pública de importância internacional, decorrente do novo coronavírus no estado”.
Em nota, a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) destacas que as buscas nos palácios das Laranjeiras e da Guanabara tiveram autorização do STJ. “A Fenapef apoia todo e qualquer esforço para apurar e combater a corrupção. Mesmo em tempos de pandemia, os policiais federais seguem fazendo seu trabalho de investigação. A lisura das investigações e o sigilo das operações devem ser preservados em qualquer circunstância.”
Ao todo, a Operação Placebo, inclui 12 mandados de busca e apreensão em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os mandados foram expedidos pelo STJ. Além dos policiais federais que foram ao Palácio Laranjeiras, equipes da PF se dirigiram ao prédio onde mora o ex-secretário de Saúde Edmar Santos, em Botafogo, na zona sul.
O governo do estado chegou a empenhar R$ 1 bilhão, montante que seria aplicado em contratos emergenciais sem licitação para o combate à covid-19, a maior parte para os hospitais de campanha. Sete unidades estão sendo construídas pelo Instituto de Atenção Básica e Atenção à Saúde (Iabas), organização social também investigada nas denúncias. Apesar de parte dos recursos já ter sido liberada pelo governo estadual, as unidades ainda estão atrasadas. O prazo de entrega era 30 de abril, mas o cronograma já foi atualizado diversas vezes. Estão funcionando atualmente as unidades do Leblon e do Parque dos Atletas, construídas e geridas pela Rede D’Or, e a do Maracanã, também coordenada pelo Iabas.
Do Portal N10 com Ansa e Agência Brasil
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