A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o primeiro medicamento injetável de uso semanal para sobrepeso e obesidade, o Wegovy (semaglutida 2,4mg). A injeção, que deve ser aplicada semanalmente, promoveu uma redução média de 17% do peso corporal nos pacientes, segundo estudo.
O princípio ativo da injeção é a semaglutida. Ela é uma substância semelhante ao hormônio GLP-1, que produzimos naturalmente no intestino e que indica para o sistema nervoso a sensação de saciedade. O médico endocrinologista Pedro Leão conta que a substância gera uma série de efeitos que auxiliam no emagrecimento.
De acordo com o diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional de São Paulo, Ricardo Barroso, a notícia é vista como positiva no meio endocrinológico.
“A medicação já é comercializada em locais como Estados Unidos e Japão com excelentes resultados”, disse.
Segundo o endocrinologista, o medicamento é o mais eficaz entre todos os disponíveis contra a obesidade. Ele explicou que o Wegovy tem ação em “hormônios gastrointestinais e simula o efeito de cirurgia bariátrica”.
Este tipo de procedimento faz com que a pessoa fisicamente coma menos, mas também há alterações hormonais e “o remédio simula isso.”
“O resultado chega próximo a algumas cirurgias, chega-se a 17% de peso perdido”.
A semaglutida, conforme afirma Barroso, é um hormônio semelhante ao GLP1, que é produzido quando comemos. “Ele sinaliza para o cérebro que chegou comida o suficiente e traz sensação de saciedade, o estômago sente que já deu”.
Com essa medicação, então, “sinaliza isso para o cérebro antes de comer a quantidade que você estava habituado”. O médico reforçou ainda que a injeção tem “perfil de segurança cardiovascular e neurológico muito bons”.
Ao mesmo tempo, porém, ele afirma que o remédio não faz mágica, no sentido de que não há como acelerar o metabolismo e manter o alto gasto calórico para perda de peso.
“Por isso é importante acompanhamento com nutricionistas e profissionais de educação física, já que o combate à obesidade é multifatorial”.
Sem data para comercialização
Apesar de positiva, a aprovação soma menos do que poderia, visto que o medicamento é caro e provavelmente demorará a chegar a maior parte da população, principalmente para aqueles que dependem do SUS.
Sobre a comercialização, a farmacêutica Novo Nordisk disse que ainda não há uma data definida para que a semaglutida chegue ao mercado brasileiro.
Redução média de 17% do peso corporal
A aprovação da Anvisa foi baseada nos resultados do programa de ensaios clínicos STEP (Semaglutide Treatment Effect in People with Obesity). Nele, os pacientes que utilizaram o Wegovy conseguiram uma perda de peso corporal média de 17% em 68 semanas, contra 2,4% do grupo placebo.
Além disso, um em cada três pacientes perdeu 20% do seu peso corporal e 83,5% dos pacientes alcançaram uma redução de 5% ou mais com a utilização do medicamento contra 31,1% do grupo placebo.
“Tudo isso traz uma perspectiva muito interessante para o tratamento da obesidade no Brasil”, afirma o presidente da SBEM.
O Atlas Mundial da Obesidade estimou que a doença deve atingir quase 30% da população adulta do Brasil em 2030. O Brasil está entre os países com maiores índices de obesidade no mundo. Segundo a federação, estamos entre os 11 países onde vivem a metade das mulheres com obesidade e entre os nove que abrigam metade dos homens com obesidade.
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