Parlamentares governistas comemoraram a vitória de Michel Temer na Câmara dos Deputados, que barrou o prosseguimento da segunda denúncia feita pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente. Ao todo, 251 deputados votaram pelo relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) favorável ao presidente. A oposição conseguiu o apoio de outros 233 deputados.
Após a sessão, ainda celebrando o resultado, o vice-líder do governo na Câmara, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) disse que era hora de Temer continuar o processo de reconstrução do Brasil.
“Uma vitória de Rodrigo Maia, do presidente Michel Temer que agora vai continuar com tranquilidade, esperança e determinação a reconstrução do país.”
A citação feita por Perondi ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) pode não ter sido em vão. Nas últimas semanas, a relação entre Maia e Michel Temer passou por uma espécie de crise, inclusive com criticas públicas feitas pelo presidente da Câmara ao chefe do executivo. Para alguns especialistas, esse desgaste tem dificultado a relação do presidente com o parlamento. Temer viu na quarta sua base de apoio diminuir. Na primeira denúncia, o governo conseguiu um resultado mais elástico, de 263 a 227, uma vantagem de 33 votos, que passou a ser de 18 agora.
Para o cientista político David Fleischer, que é professor emérito da Universidade de Brasília, Temer saiu fragilizado da votação. Segundo ele, analisando o esforço gasto nas últimas semanas na busca de apoio no parlamento, Temer não conseguiu o resultado esperado.
“Eu acho que o presidente saiu bastante enfraquecido, ele está em uma situação que os americanos chamam de ‘Lame Duck’ (Pato Manco), 14 meses ainda do final do seu mandato, sem muito prestigio, sem muito poder.”
A avaliação de Fleischer é reforçada pelo também cientista político, Valdir Pucci. Para ele, o governo não conseguirá reverter a tendência de enfraquecimento.
“O governo não tem como reverter essa fragilidade. Ele não tem tempo, ele não tem apoio popular, ele não tem nem mesmo um apoio seguro dentro do Congresso Nacional. Então, você vê que já é um governo naturalmente enfraquecido e que ele vai se enfraquecer e manter essa tendência até o final.”
Mas caso isso ocorra, como ficariam as reformas? David Fleischer acredita que a cargo do legislativo, comandadas por Rodrigo Maia.
“Agora, quem vai tomar conta das reformas no Congresso Nacional é o Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara. Então, nós podemos esperar que essa articulação seja mais por dentro do legislativo do que de fora.”
Mesmo com a situação descrita pelos analistas, Temer continua se movimentando para manter seu capital político. Usando as redes sociais, o presidente postou um vídeo na quinta-feira (26) agradecendo o apoio de deputados.
“Quero até aproveitar para agradecer as deputadas e aos deputados que na votação reafirmaram o compromisso comigo e com o nosso governo. Vamos continuar a trabalhar com determinação e muita paz.”
No vídeo, Temer procura reforçar alguns compromissos que fez ainda no discurso de posse no Congresso Nacional, exaltando a chamada ‘ponte para o futuro’
“A ponte que estamos construindo para o futuro é solida, firme, resistente. Começamos a construí-la ainda em 2015. Certos do nosso caminho e convictos do nosso destino. Estamos fazendo a travessia e os resultados já são visíveis, a economia voltou a crescer depois da maior recessão da nossa história, essa é a maior obra do nosso governo.”
Resta agora saber se Temer continuará com forças no parlamento para comandar as reformas, ou se precisará dividir esse posto com Rodrigo Maia, em uma espécie de parlamentarismo tupiniquim.
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