(ANSA) – Temendo uma nova denúncia, a defesa do presidente Michel Temer pediu nesta terça-feira (8) ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a suspeição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Na prática, o peemedebista quer que o chefe do Ministério Público Federal (MPF) seja afastado do inquérito que o investiga por conta das delações da JBS. Segundo o advogado de Temer, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, a atuação de Janot “extrapola a normal conduta de um membro do Ministério Público”.
Para a defesa, o procurador-geral tem “comprometimento com a responsabilização penal” do mandatário e “nutre um sentimento adverso ao presidente da República, como aquele que caracteriza uma evidente inimizade”.
Além disso, o pedido diz que Janot quer dar “continuidade a sua sanha de arqueiro contumaz”, em referência a uma entrevista dada pelo procurador-geral em julho passado, quando ele disse que “enquanto houver bambu, lá vai flecha”.
Temer já conseguiu barrar na Câmara dos Deputados uma denúncia por corrupção passiva, mas existe a expectativa de que Janot apresente em breve novas acusações, desta vez por obstrução de Justiça e prevaricação.
De acordo com relatório da Polícia Federal divulgado no fim de junho, há indícios de que o peemedebista cometeu os dois crimes em sua conversa com Joesley Batista no Palácio do Jaburu. A PF alega que Temer “incentivou a manutenção de pagamentos ilegítimos” por parte do empresário ao deputado cassado Eduardo Cunha, preso em Curitiba.
No diálogo, o dono da JBS diz que está “de bem” com o ex-parlamentar, e o presidente responde: “Tem que manter isso, viu?”. Em seguida, Joesley reforça: “Todo mês. Eu tô segurando as pontas, tô indo”. Temer rebate: “O Eduardo também, né?”, uma frase interpretada pelos investigadores como possível ciência dos supostos pagamentos para comprar o silêncio de Cunha.
Além disso, a PF diz que o peemedebista deixou de “comunicar as autoridades competentes” sobre a “suposta corrupção de membros da Magistratura Federal e do Ministério Público que lhe fora narrada pelo empresário”. Durante a conversa, Joesley afirma que “deu conta” de um juiz e relata o pagamento de R$ 50 mil por mês a um procurador para conseguir informações privilegiadas.
Se Janot apresentar uma nova denúncia contra Temer, a tramitação começará do zero, a partir da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. (ANSA)
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