(ANSA) – Em pronunciamento em rede nacional, o presidente da República, Michel Temer, negou que renunciará ao cargo e disse que nunca pediu a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha.
Discursando no Palácio do Planalto, o peemedebista admitiu a conversa com Joesley Batista, dono da JBS, mas sem citar seu nome, e disse que o empresário havia contado apenas que estava ajudando a “família de um ex-parlamentar”.
“Não solicitei que isso acontecesse, só tomei conhecimento desse fato na conversa que tive com esse empresário. Em nenhum momento autorizei a pagar quem quer que seja para ficar calado. Não temo nenhuma delação, não preciso de cargo público nem de foro especial, nada tenho a esconder”, declarou Temer.
O presidente ainda garantiu que esclarecerá as denúncias no Supremo Tribunal Federal (STF), que abriu um inquérito contra ele, e pediu rapidez nas investigações. “Não renunciarei, sei o que fiz e sei da correção de meus atos. Exijo uma investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dúvida não pode persistir por muito tempo”, acrescentou.
Temer também chamou a gravação de “clandestina” e afirmou que não se pode “jogar no lixo da história tanto trabalho em prol do país”. “Quero deixar muito claro dizendo que meu governo viveu nesta semana seu melhor e seu pior momento. O otimismo retornava, e as reformas avançavam no Congresso Nacional. Ontem, contudo, a revelação de conversa gravada clandestinamente trouxe de volta o fantasma de uma crise política de proporção ainda não dimensionada. Portanto, todo o imenso esforço de retirar o país de sua pior recessão pode se tornar inútil”, declarou.
No diálogo em questão, Temer ouve de Joesley que Cunha e o doleiro Lúcio Funaro estavam recebendo uma mesada na prisão para “ficarem calados”. “Tem que manter isso, viu”, foi a resposta do presidente da Republica. Na mesma conversa, ele indica o deputado peemedebista Rodrigo Rocha Loures para resolver um assunto da holding J&F, controladora da JBS, no governo.
Mais tarde, Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil de Ricardo Saud, diretor da empresa. O áudio da conversa ainda não foi liberado pelo STF. Durante todo o dia, Temer ouviu aliados favoráveis e contrários à renúncia, mas sua decisão de continuar no cargo pode provocar uma debandada na base aliada. (ANSA)
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