Tecnologias avançadas ganham cada vez mais espaço no varejo. Do início das discussões a respeito de lojas “omnichannel” ao uso de tecnologias avançadas para inserir em ambientes físicos aspectos digitais – os chamados Phygital – foram realizadas transformações importantes e significativas, um caminho que não deve ter fim tão cedo.
Considerando especificamente o cenário de América Latina, é possível observar o esforço de grandes varejistas para se adaptar à nova tendência do varejo ao analisar a busca recente por parcerias com gigantes de tecnologia. Na prática, isso significa que não basta estar presente nos canais físicos e digitais, com e-commerces capazes de satisfazer às necessidades do consumidor, mas sim promover uma experiência de compra encantadora também nos pontos físicos, aperfeiçoando pontos como o self check-out e reconhecimento facial.
Um exemplo do amplo potencial a ser explorado nesse sentido está ligado ao ambiente dos supermercados: hoje, os produtos frescos vendidos nesses estabelecimentos respondem por grande parte dos itens comprados nas lojas físicas – mas são a minoria nas vendas online. A dificuldade de logística e a mudança dos hábitos do consumidor ainda representam barreiras a serem superadas, com um potencial de ganhos enorme.
Esse novo conceito surge a partir de um entendimento cada vez mais aprofundado do estilo de vida do consumidor. Novos clientes buscam informações novas a todo momento, exigem transparência e buscam novas soluções constantemente. Atender às demandas deste público, no fundo, é oferecer uma relação comercial personalizada, mais ágil e simples, utilizando a tecnologia como meio para alcançar este objetivo.
As novas fórmulas de distribuição, com sistemas para melhorar a gestão de transportes e armazéns; ferramentas e aplicações setoriais (tais como sites, soluções de etiquetagem, gestão de tarifas, frotas…), ou sistema de gestão empresarial, são apenas algumas das áreas em que é necessário aportar valor para se adaptar aos novos cenários exigidos pelo setor no futuro, em que tecnologias disruptivas como a Inteligência Artificial, analytics, blockchain ou realidade virtual e aumentada podem fazer a diferença.
As recentes movimentações no setor demonstram o potencial de investimentos nesse sentido. A união de negócios entre uma das maiores redes de hipermercados do mundo e uma tecnológica com o objetivo de rastrear entregas via blockchain mostra o pontapé inicial para esse processo. A aquisição de uma empresa de delivery por outra gigante supermercadista como parte dos esforços para avançar no canal online de varejo alimentar também mostra que é necessário aproveitar o que o mundo digital tem a oferecer para transformar a relação com o consumidor.
Estes novos hábitos de compra estão associados à criação de novos marketplaces, físicos ou virtuais, onde o consumidor pode ter satisfação pessoal durante a compra. Com isso, as empresas buscam fazer do momento da compra um prazer emocional e não uma obrigação. Companhias vencedoras vão aproveitar o máximo potencial disso para trazer resultados eficazes ao longo do tempo.
Por Marcelo Bernardino, diretor de Indústria e Consumo da Minsait no Brasil
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