Desenvolvido por estudantes do ensino fundamental de uma escola pública em Ubatuba (SP), o satélite Tancredo-1 entrará em órbita nesta segunda-feira (16), às 8h50 (horário de Brasília), a partir do módulo japonês da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).
A entrada do Tancredo-1 em órbita poderá ser vista pela internet no canal da agência espacial japonesa (Jaxa, na sigla em inglês), cujo vídeo de transmissão está no final desta matéria.
Com 9 centímetros de diâmetro, 13 centímetros de altura e pesando 700 gramas, o nanossatélite Tancredo-1 foi totalmente construído no Brasil e tem o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Agência Espacial Brasileira (AEB) – ambas entidades vinculadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). A iniciativa também é reconhecida por ter os mais jovens estudantes integrados a um projeto espacial.
O artefato ficará na órbita da Terra, a 400 quilômetros de altitude, e será ferramenta de um experimento que estuda a formação de bolhas de plasma na atmosfera, fenômeno que interfere na captação de sinais de satélite e em antenas parabólicas em países localizados na linha do Equador, por exemplo.
O satélite também carrega um gravador que propaga uma mensagem gravada pelos estudantes. O Tancredo-1 foi ao espaço no dia 9 de dezembro, por meio de um foguete lançado pela Jaxa.
História
Professor na Escola Municipal Presidente Tancredo de Almeida Neves, o coordenador do projeto, Cândido Moura, conta que a ideia de envolver os estudantes no lançamento de um satélite surgiu em 2010, quando ele soube que uma empresa americana comercializava um kit para lançamento de satélites de pequeno porte. A partir daí, ele correu atrás dos recursos e de assessoria técnica. Com a ajuda do Inpe, foi criado um programa de treinamento dos alunos nas áreas de física e eletrônica.
Com a construção do equipamento concluída, foi a vez de entrar em cena a parceria com a AEB, que arcou com os custos para testar o funcionamento do satélite no espaço e do voo até a ISS. O projeto do nanossatélite teve a participação de seis estudantes. Hoje, a escola conta com um projeto chamado UbatubaSat, que desenvolve o interesse dos alunos pela ciência e tecnologia e já atendeu pelo menos 700 crianças.
Educação
Os alunos envolvidos com o satélite já viajaram para o Japão para apresentar o trabalho desenvolvido em um congresso aeroespacial e também para os Estados Unidos, onde conheceram a Agência Espacial Americana (Nasa). O professor Moura conta que a maior conquista do projeto é o aprendizado dos estudantes.
“Até chegar à finalização do satélite, a gente tinha construído uma meia dúzia de modelos. Pra gente, o que importa é o aprendizado. O satélite é um produto”, explica.
Para ele, o projeto mostra que é possível criar um modelo diferente de atuação das escolas. “A escola precisa ser algo mais aberto, trabalhar junto com os institutos de pesquisa, estar envolvida na comunidade, levar experiências reais para os alunos”, conclui.
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