Mais de mil pessoas que sofreram algum tipo de acidente nos últimos 40 dias, aguardam em suas casas por cirurgias ortopédicas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), paralisadas em virtude de atrasos no pagamento do Governo do Estado aos médicos da Cooperativa do RN (Coopmed) e ao Hospital Memorial, referência em ortopedia e traumatologia no Estado.
Somente no hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, cerca de 160 pacientes com lesões mais graves, como de fêmur e quadril, esperam por cirurgias eletivas. Alguns estão há quatro meses com fraturas que provavelmente se transformarão em deformidades graves e irreversíveis pelo tempo de espera no atendimento.
O ortopedista do Hospital Memorial e presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia no RN (SBOT-RN), Márcio Rêgo, explica que as fraturas devem ser operadas em no máximo 15 dias, caso contrário, o paciente pode ficar com sequelas pelo resto da vida. “Quanto mais tempo se demora para realizar uma cirurgia ortopédica, maiores podem ser as consequências. Uma delas é a consolidação de desvios angulares que prejudicam as articulações para sempre no paciente”, alerta o médico.
O Hospital Memorial está com as atividades paralisadas desde agosto tanto em virtude da falta de médicos da cooperativa como também pela inviabilidade financeira para manter a prestação do serviço, visto que o Estado não efetua o pagamento desde abril. De lá para cá, foram realizados quase três mil procedimentos sem o devido repasse da verba pública. O Memorial realiza o maior número de atendimentos em ortopedia e traumatologia, sendo 30 cirurgias diárias e 600 por mês, com 90% dos pacientes provenientes do SUS.
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