(Agência CNI de Notícias) – A CNI informou que a economia brasileira mostrou forte deterioração no primeiro semestre de 2015. A alta da inflação e o aprofundamento da recessão – que já alcança outros setores da economia e não apenas a indústria – são dois fatores que explicitam essa situação. Entre as causas imediatas dessa deterioração podemos citar o desajuste das contas públicas, muito mais grave que inicialmente conhecido, e o processo de correção de preços administrados. As dificuldades atuais não são devidas unicamente ao ajuste macroeconômico em curso, ainda que esse aprofunde a recessão. De fato, o Brasil se depara atualmente com uma conjugação perversa de causas conjunturais e estruturais que limitam nosso desempenho
O ajuste econômico continuará afetando a atividade no segundo semestre. Para 2015, a CNI estima que a inflação permaneça em torno de 9% ao ano e que o PIB registre retração de 1,6%, com queda de 6,4% da indústria de transformação e de 7,7% do investimento. O setor externo contribuirá positivamente, em 0,9%, atenuando a retração do PIB, por conta, principalmente, da queda das importações. Entre os fatores para o recuo do PIB, destaca-se a queda na demanda das famílias, que se deve ao aumento do desemprego, à corrosão inflacionária na renda, às restrições do financiamento pela alta dos juros e pela capacidade limitada de endividamento adicional. A queda do investimento explica-se pela existência de capacidade ociosa, além da forte incerteza e do elevado custo do capital. Os problemas do setor de petróleo e gás, grande alavanca do investimento nos últimos anos, também restringem a retomada do investimento.
É possível que o “fundo do poço” seja alcançado no segundo semestre, e uma gradual recuperação se inicie em 2016. As “janelas de saída” podem ser as exportações e o investimento em infraestrutura. Todavia, ambos têm impacto limitado no curto prazo e dependem de coordenação adequada de políticas para se materializarem. Nesse sentido, avanços na agenda da competitividade são críticos não só no presente como também para preparar a economia para uma retomada do crescimento no futuro. A melhoria do ambiente de negócios – com aperfeiçoamento de marcos regulatórios e redução da burocracia – faz parte dessa agenda. São ações de baixo custo fiscal, mas que exigem coordenação de políticas e comprometimento político. A racionalização do sistema tributário, principalmente nos tributos sobre circulação de bens e serviços, que impactam negativamente a competitividade, também deve fazer parte desse esforço estruturante.
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