Variedades

Recorde negativo: 29% dos desempregados no Brasil buscam vaga há 2 anos

É o maior porcentual de pessoas nessa situação em toda a série histórica iniciada em 2012

No terceiro trimestre, quase 30% dos 13,5 milhões de desempregados do Brasil estavam em busca de uma vaga havia mais de dois anos. É o maior porcentual de pessoas nessa situação em toda a série histórica iniciada em 2012, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Além disso, o emprego sem carteira assinada cresceu mais do que o trabalho com carteira em todas as atividades econômicas que abriram vagas em relação a um ano antes.

O estudo tem como base os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged).

A taxa de desemprego ficou em 12,5% no terceiro trimestre, segundo os dados da Pnad Contínua dessazonalizados pelo Ipea, ou seja, retirando do cálculo influências dessa época do ano. O resultado significa o menor nível desde o trimestre móvel encerrado em abril de 2020, embora o contingente de pessoas em busca de emprego ainda tenha sido de 13,5 milhões.

Em conjunção ao elevado patamar da desocupação e da subocupação o aumento do tempo de permanência no desemprego se torna mais um indício de que a situação do mercado de trabalho continua desafiadora. No terceiro trimestre de 2021, a proporção de desempregados que estava nesta situação há mais de dois anos chegou a 29%, atingindo o maior patamar da série“, apontou a Carta de Conjuntura do mercado de trabalho divulgada pelo Ipea nesta terça-feira, 21.

O total de empregos com carteira assinada no setor privado cresceu 5,9% no terceiro trimestre de 2021 ante o terceiro trimestre de 2020. No mesmo período, o montante de profissionais sem carteira assinada no setor privado aumentou 18,5%, enquanto o estoque de trabalhadores atuando por contra própria teve elevação de 18,4%.

Setores com novas vagas de emprego

Nas dez das 13 atividades econômicas onde houve alta no emprego com carteira assinada, a variação foi mais branda que a do emprego sem carteira.

O segmento de serviços domésticos teve a maior diferença registrada entre o crescimento anual do emprego formal, ou seja, com carteira assinada, (+4,0%) e do emprego informal, sem carteira assinada (+28,1%).

O segmento de alojamento e alimentação teve um salto de 22,0% no emprego com carteira assinada, mas a variação do emprego sem carteira foi quase o dobro, 39,2%.

Na indústria de transformação, a alta no estoque de vagas com carteira foi de 8,7%, enquanto o de sem carteira subiu 22,6%. Na indústria extrativa, o emprego com carteira aumentou 6,3%, e o sem carteira cresceu 22,5%. No comércio, o emprego com carteira aumentou 8,8%, e o emprego sem carteira, 26,8%.

Por outro lado, o setor de construção civil registrou uma das menores diferenças entre o crescimento do emprego formal (+19 2%) e do emprego informal (+22,5%). Na agricultura, o emprego com carteira subiu 7,2% em um ano, e os sem carteira, 8,8%.

Apesar de expressivo, esse crescimento do emprego informal já era esperado, tendo em vista que, com o controle da pandemia, os setores mais intensivos neste tipo de mão de obra (comércio e serviços) estão retomando suas atividades e gerando, por conseguinte, novos postos de trabalho. Em contrapartida, como o emprego formal foi menos atingido, o seu ritmo de expansão tende a ser mais ameno, mesmo em um contexto de recuperação econômica“, apontaram os técnicos no estudo do Ipea.

Ainda segundo o estudo, a expectativa para os próximos meses é “de um crescimento menos acentuado da ocupação em 2022, refletindo um desempenho mais moderado da atividade econômica“. No boletim Focus, do Banco Central, a mediana dos economistas ouvidos projeta crescimento de somente 0,5% do PIB para o ano que vem, e alguns casas de análise já estimam crescimento zero.

Desemprego deve gerar aumento de informais e MEIs em 2022

Ainda que a aderência da vacina preveja uma retomada na economia do país, a projeção da equipe do Boletim Macro do FGV IBRE mostra uma lenta queda da taxa de desemprego em 2022, com uma desaceleração da retomada econômica de 4,9% este ano para 1,5% no próximo. O cenário preocupante de desemprego deve trazer ainda mais pessoas para o trabalho informal, como opção para conseguirem pagar suas contas.

Um estudo da consultoria Idados, baseado na Pnad Contínua do IBGE, mostra que, entre o segundo semestre de 2019 e o mesmo período deste ano, o número de brasileiros sem carteira assinada ou vínculo formal aumentou em 700 mil e atingiu 24,8 milhões de pessoas. Quase 14 milhões deles recebem até um salário-mínimo, um aumento de 2,1 milhões de trabalhadores nessas condições no mesmo período.

A modalidade que ganhará um foco maior como opção para os trabalhadores saírem da informalidade, terem os seus direitos garantidos e se legalizarem no mercado, será o MEI (Microempreendedor individual), por oferecer um baixo custo mensal de tributos e valores fixos. Só este ano houve um crescimento de quase 2 milhões de MEIs cadastrados no Brasil, segundo a Receita Federal, com cerca de 11 milhões em janeiro e mais de 13 milhões em dezembro de 2021, batendo o recorde de abertura de novos negócios no país.

Com informações do Estadão Conteúdo*

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário.Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop.MTB Jornalista 0002472/RNE-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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