A partir de junho, começa a ser comercializada a pomada fitoterápica feita com extrato de urucum (coloral) que acelera a cicatrização de lesões na pele. Desenvolvida por pesquisadores mineiros, o produto tem eficácia em ferimentos causados pelo diabetes e no tratamento dermatológico de psoríase, escara, peles debilitadas e até em queimaduras.
O urucum é conhecido como um corante natural na gastronomia. Porém, seu uso como como medicamento foi descoberto acidentalmente, quando Aloísio dos Reis, pesquisador de Viçosa, trabalhava no desenvolvimento de uma resina para uma empresa multinacional. “Pesquisava sobre formas de estabilização da madeira para a produção de lápis. Ao manipular o extrato de urucum com a mão machucada, observei que as lesões cicatrizaram mais rapidamente”, explica o pesquisador.
Foi assim que em 2006 foi criada a Profitus, empresa vinculada a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Universidade Federal de Viçosa (UFV), que possibilitou o desenvolvimento de uma tecnologia própria para obter o extrato de urucum com mais eficiência e com menor custo para ser usado como pomada.
No início da pesquisa, que também contou com a participação do especialista em corantes naturais e compostos bioativos, Paulo César Stringhet, hoje também sócio da Profitus, a pomada apresentou resultados satisfatórios nas lesões de pele causadas em pessoas com diabetes. “Atualmente, o tratamento desse tipo de ferimento é feito com o uso de pomadas alopáticas que não produzem o efeito desejado, o que tem feito aumentar o número de amputações, causadas pela falta do tratamento adequado”, justifica Aloísio.
Porém, o pesquisador percebeu que a variação da concentração do extrato do urucum poderia ajudar no tratamento de outras lesões dermatológicas. Assim foram desenvolvidos quatro tipos de pomadas: a Millitusderm: usada por diabéticos portares de lesões dermatológicas, Newderm: eficaz no tratamento de escara (feridas que aparecem na pele de indivíduos que permanecem muito tempo na mesma posição), psoríase, dermatite entre outros problemas cutâneo; GoldenAge, indicada para pessoas da terceira idade com peles sensibilizadas ou debilitadas; e Dermalive, usada em pequenas queimaduras.
Pelo resultado satisfatório e inédito da pesquisa, o Sebrae Minas e Sectes (Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais) em parceria com a UFV apoiaram a ideia e selecionaram o projeto para participar do Programa de Incentivo à Inovação (PII), iniciativa que estimula a criação de novas tecnologias, produtos e processos inovadores para o mercado, a partir do conhecimento gerado nas instituições de ensino. “O PII nos ajudou a transformar uma pesquisa em produto comercial”, explica.
As pomadas serão vendidas ao público em farmácias, lojas especializadas para diabéticos, de produtos naturais e no site da Profitus ao preço estimado de R$ 47.
Além de um preço mais viável, se comparado a outros produtos dermatológicos, as pomadas destacam-se pela eficácia na cicatrização. “Tivemos bons resultados em mais de 96% dos usuários que testaram o produto, reduzindo o intervalo de tempo da cicatrização. Em aplicações como escara, o paciente sente efeito em até 12h, e em 80% das pessoas com psoríase os resultados foram percebidos em 36h”, conta o pesquisador.
Agora, os pesquisadores da Profitus trabalham nos testes para viabilizar o licenciamento de novos produtos para tratamento de herpes, afta, acne, furúnculo e micoses, por exemplo.
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