Vômitos, diarreia, enjoos e indisposição são alguns dos sintomas causados por infecções alimentares, um termo genérico para doenças relacionadas ao consumo de alimentos contaminados. São mais de 250 agentes que podem causar essas doenças – entre micro-organismos (bactérias, fungos e vírus, por exemplo), toxinas ou produtos químicos, como agrotóxicos. Apesar de a atenção ter que ser redobrada em estabelecimentos como bares e restaurantes, a contaminação ocorre principalmente nas residências.
Entre 2000 e 2007, um levantamento feito pelo Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan) observou que houve 238.909 casos de doenças transmitidas por alimentos no período. Das contaminações, 36,4% aconteceram em residências, seguidas por restaurantes, padarias ou similares (15,2%).
A pesquisa também registrou 183 óbitos e 12 mil surtos, sendo a maior parte desses surtos no Sudeste (39,2%) e Sul (33,9%). O Ministério da Saúde diz que surtos de doenças transmitidas por alimentos ocorrem quando dois ou mais casos de diarreia aguda ou gastroenterite aguda são relacionados em tempo e espaço ou por uma fonte comum de contaminação.
Muitos dos problemas estão relacionados à falta de políticas públicas efetivas sobre o assunto, o que mobiliza organizações como a ONU a pedir a adoção de cuidados relacionados a produção, higiene, armazenamento e preparo dos alimentos. O manuseio e armazenamento de alimentos também é outro ponto-chave a ser observado pelos indivíduos, para evitar a contaminação.
Apesar de existirem normas específicas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde quanto à produção de alimentos na indústria e no campo, pode ser que eles cheguem com alguma contaminação às residências. Por esse motivo, é necessário guardá-los da forma correta na geladeira, em recipientes adequados e em locais propícios para a refrigeração correta do produto para que ele não estrague. Higienizar os alimentos é outra etapa fundamental antes de consumi-los.
Mantenha alimentos como carnes, frangos e pescados crus longe dos alimentos cozidos, porque, dessa forma, há um maior risco de contaminação do alimento já pronto. A temperatura é outro ponto de extrema importância – mantenha os produtos abaixo de 5 °C e acima de 60 °C, temperaturas nas quais a reprodução de micro-organismos é lenta ou até mesmo nem chega a ocorrer. A temperatura ambiente favorece a proliferação desses agentes, por isso é tão importante refrigerá-los corretamente.
Problema mundial
As infecções alimentares são um problema de saúde pública no mundo. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), mais de 210 mil pessoas no continente americano apresentam sintomas de doenças transmitidas por alimentos diariamente. O dado mais alarmante é que metade dessas ocorrências é em crianças com menos de 5 anos de idade.
De acordo com um relatório lançado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, 420 mil pessoas morrem todos os anos por causa de infecção alimentar no mundo. A diarreia é responsável por mais da metade dos problemas, deixando 500 milhões de doentes e 230 mil mortos por ano.
A incidência varia de país para país, mas há uma maior prevalência em regiões onde a população tem baixa renda. Mesmo assim, países industrializados e desenvolvidos enfrentam dificuldades no combate às doenças transmitidas por alimentos, o que se torna um grave problema de saúde pública.
Os Estados Unidos estimam que, todo ano, de um a seis americanos (ou seja, 48 milhões de pessoas) ficam doentes, 128 mil são hospitalizados e 3 mil morrem por causa de infecções alimentares, ocasionando um custo total de US$ 77,7 milhões. Já no Caribe, estudos recentes sobre a carga de doenças indicaram taxas de incidência de doença gastrointestinal severa, relacionada com alimentos contaminados, entre 0,65 e 1,4 casos/pessoa/ano, com um custo total de dessas ocorrências entre US$ 700 mil e US$ 19 milhões.
Para combater essa situação complexa, em 2015 a ONU elegeu o tema “Do Campo à Mesa, Obtendo Alimentos Seguros” para o Dia Mundial da Saúde daquele ano. “Essas doenças prejudicam a produtividade, estressam grandemente o sistema de saúde pública e reduzem o produto econômico, devido à perda de confiança na segurança do turismo, da produção de alimentos e do sistema de comercialização”, diz trecho do relatório disponibilizado pela organização.
O objetivo principal da campanha foi incentivar os governos a melhorar a inocuidade dos alimentos por meio de campanhas de conscientização e da focalização de ações governamentais em andamento. Além disso, pretendeu-se incentivar os consumidores a se assegurar de que os alimentos em seu prato não causam nenhum dano à saúde, com a observação dos rótulos e dicas de higiene.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.