Uma criança em idade escolar que tem lição para fazer e para dar. Quem só vê tamanho, pode não enxergar a grandiosidade que habita o coração do alegre Gabriel Vidal, de 12 anos. Inteligente, bom aluno, prefere Português à Matemática, tira 10 em simpatia por onde passa.
Gabriel ensina que são pequenos detalhes que podem mudar a vida de alguém para melhor. Com 1,11 m – altura considerada de uma criança entre 5 e 6 anos – ele não consegue fazer todas as atividades que gostaria. Ainda bebê, foi diagnosticado com displasia metafisária, tipo Mckusick, considerada uma espécie de nanismo. Ele é um garoto que está entrando na fase da adolescência e, apesar da personalidade independente, possui limitações decorrentes da deficiência física, como pernas tortas, desvio na lombar e dificuldade para caminhar.
Acometido com uma deficiência que o impede de crescer, ele sabe a falta que um olhar atencioso na rua faz. “Teve um dia que ele chegou da escola se queixando disso, contou que sente dor de tanto olhar para cima, pois as pessoas esquecem de alinhar o olhar à sua altura”, revela a mãe Manuela Vidal.
Ouvir uma criança se queixar da falta que um olhar atencioso faz chama atenção para a insensibilidade na rotina do dia a dia. Por temer que o filho sofra quando ficar mais velho, a advogada está vencendo a timidez para angariar apoio e melhorar a qualidade de vida do filho caçula.
Na escola, mesas, bebedouros e demais ambientes foram adaptados para o conforto de Gabriel, que estuda desde os dois anos de idade no mesmo colégio. Contudo, é preciso fazer mais para oferecer a ele uma vida funcional, como explica a mãe: “Ele é tranquilo, entende as limitações, mas precisamos viabilizar uma forma que o deixe mais funcional, para que ele possa ir ao caixa eletrônico sozinho, pagar uma conta, alcançar prateleiras no mercado, fazer coisas que no cotidiano a gente não percebe as dificuldades que pessoas de baixa estatura passam”.
O pequeno notável já fez duas cirurgias nas pernas e se prepara para a terceira. As interferências são necessárias para impedir outros problemas de saúde. “Ele tem que fazer uma cirurgia para a correção óssea, porque senão ele vai sentir muita dor, vai ficar deformado e a qualidade de vida dele vai cair muito”, explica a mãe.
Amor incondicional
Quando Gabriel ainda era bebê, em uma das consultas médicas com o ortopedista, a avó questionou ao médico se o crescimento era lento assim mesmo – ele ganha até 1cm por ano. Na época, o médico respondeu que era assim. Antes de terminar a consulta, a avó, novamente, questionou o crescimento. “Nessa hora, o doutor disse que um estudo afirma que quando a pessoa tem deficiência o que vai definir o futuro é o olhar que a família dá para ela. Com isso, aprendi desde cedo que deveria potencializar as coisas boas que ele tinha”, destaca Manuela.
Por causa do apoio da mãe, Gabriel entende que a deficiência não é motivo para infelicidade, apesar de o julgarem triste quando o veem pela primeira vez. “As pessoas quando passam na rua me olham com canto de olho, mesmo que não queiram mostrar, dá pra perceber as pessoas me olhando como se eu fosse um menino triste, um coitadinho, mas nada a ver isso”, conta Gabriel.
Hoje, a expectativa de altura máxima que os médicos deram para Gabriel é de 1,20m. Para isso, ele precisa fazer mais uma cirurgia com um especialista em alongamento ósseo. O tratamento envolve três etapas.
“Primeiro será feita a correção das alterações ósseas e alongamento ósseo do membro inferior esquerdo. Depois, a correção das alterações ósseas e alongamento ósseo do membro inferior direito. Por último, o alongamento ósseo dos membros superiores para o corpo ficar uniforme. Não dá para fazer uma correção sem a outra porque senão ele fica com um membro desproporcional e terá mais dificuldade de locomoção”, explica a mãe.
De acordo com Manuela, a intenção da cirurgia não é desconfigurar o nanismo que o filho tem, mas é uma questão de deixá-lo funcional para as atividades cotidianas e dar uma possibilidade de vida melhor e sem dores.
O custo da cirurgia que trará melhoria na qualidade de vida do Gabriel está além do poder aquisitivo da família. Todo o processo é estimado em R$180 mil. A família já conseguiu R$20 mil, mas ainda precisa arrecadar R$160 mil. Por isso, foi iniciada uma campanha na internet para arrecadar o valor que falta. “Eu sou uma pessoa reservada, mas estou tendo que quebrar essa barreira para poder colocar a cara na tela e tentar conseguir a cirurgia dele”, conta a mãe de Gabriel.
A campanha na internet foi lançada na última segunda-feira (21), data que marcou o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Interessados em colaborar com a campanha e ajudar Gabriel a crescer podem encontrar informações sobre a história deste pequeno notável no Instagram @alongajornadadegabriel. A vakinha para a cirurgia pode ser acessada clicando aqui.
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