(ANSA) – No segundo dia de depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello colocou a culpa no governo do Amazonas pela crise deflagrada pela falta de oxigênio em Manaus, além de ter sido acusado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) de mentir 14 vezes.
Pazuello foi questionado pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM) sobre a razão de o governo federal não ter feito a intervenção no Amazonas durante a crise e revelou que o governo Jair Bolsonaro chegou a debater a hipótes, mas desistiu depois de ouvir o governador do estado, Wilson Miranda Lima.
“Essa decisão não era minha. Ela foi levada ao conselho de ministros. O governador se apresentou ao conselho de ministros e se justificou. E foi decidido, nesse conselho, que não haveria [a intervenção]”, disse. “Foi dessa forma que aconteceu”, completou.
Em janeiro, pelo menos 31 pessoas morreram por falta de oxigênio em Manaus, segundo documentos. O ex-ministro, porém, se eximiu de responsabilidades pelo colapso e ressaltou que o dever de comprar insumos e suprimentos dos cilindros era do governo local e da fornecedora.
“No momento que a secretaria deixa de acompanhar o processo e se antecipar ao processo, a responsabilidade quanto a isso é clara no sistema: é da Secretaria de Saúde do Estado do Amazonas, ponto”, disse.
Pazuello explicou que “a empresa White Martins que é a grande fornecedora, associada também, somada à produção da Carbox, que é uma empresa menor, já vinha consumindo a sua reserva estratégica e não fez essa posição de uma forma clara desde o início”.
“Começa aí a primeira posição de responsabilidade. Não tem como nós isentarmos essa primeira posição”, acrescentou.
Ele defendeu ainda não ser o “único responsável” pela situação da crise sanitária no Brasil. “Todos os gestores em todos os níveis são responsáveis”, declarou.
Questionado sobre o episódio em que dispensou o uso de máscara em Manaus e ironizou a situação, o ex-ministro da Saúde se desculpou e enfatizou ser totalmente favorável ao uso da proteção.
“O que acredito que causou isso tudo é a compreensão de que hoje sou uma pessoa conhecida, virei um homem público, e mesmo naqueles 8 metros fui fotografado. Peço desculpas”.
Pazuello também voltou a defender que é favorável a todas as medidas de proteção, como o distanciamento social seguro, “em ocasiões especificas”.
Durante a sessão, o relator da CPI, senador Renan Calheiros, apontou mentiras no depoimento de Pazuello e pediu para o presidente da comissão, Omar Aziz, para contratar “um serviço para fazer uma procura online, uma varredura das mentiras ou verdades pronunciadas”.
“Já tivemos uma primeira amostragem das contradições. O depoente em 14 oportunidades mentiu flagrantemente”, finalizou Calheiros.
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