(ANSA) – O presidente do partido Federação dos Verdes da Itália e expoente da Europa Verde, Angelo Bonelli, fez dura crítica nesta quinta-feira (22) contra a política ambiental do presidente Jair Bolsonaro em meio ao aumento do número de queimadas na Amazônia revelado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“Nossa casa está queimando e o que está acontecendo na Amazônia representa mais uma amarga confirmação. Conforme anunciado por dados repulsivos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os incêndios da maior floresta tropical do mundo aumentaram 84% em relação ao mesmo período de 2018”, diz o político italiano, em nota.
No início da semana, dados divulgados pelo Programa Queimadas do Inpe informaram que, nos primeiros oito meses de 2019, foram registrados 71.497 focos de queimadas, contra 39.194 no ano anterior. O número foi o maior em sete anos. Para Bonelli, esses “números impressionantes atestam as vergonhosas políticas do presidente brasileiro Jair Bolsonaro”. De acordo com o relatório do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que estuda a região há 28 anos, a taxa de desmatamento na floresta brasileira cresceu 66% em julho passado, embora esse percentual chegue a 278%, segundo as projeções do Inpe. “O desmatamento na Amazônia aumentou em 278% comparado ao ano anterior. Na Sibéria quase 6 milhões de hectares foram queimados, no Alasca as florestas são queimadas e a direção é apenas uma: explorar recursos naturais para aumentar o PIB e crescimento”, acrescentou.
Ontem (21), após a divulgação dos dados, Bolsonaro disse que o crescente aumento de queimadas registrado na Amazônia pode ser resultado de ação criminosa. Ele ainda sugeriu que as ações podem ser uma reação à suspensão de repasses do governo para organizações não governamentais (ONGs).
“Agências brasileiras deram a notícia, há algumas horas, de que o presidente atacou ONGs por trás dos incêndios na Amazônia. Uma semelhança dramática com as acusações feitas pelo ex-governo amarelo-negro na Itália aos italianos”, afirmou Bonelli.
Bolsonaro tem sido constantemente alvo de críticas sobre a política ambiental que tem promovido. Na semana passada, inclusive, os principais países doadores do Fundo Amazônia, a Alemanha e Noruega, anunciaram a suspensão de seus repasses após a divulgação das taxas de desmatamento na região. “Na total indiferença de Bolsonaro, que vê sob sua presidência uma perda constante de uma área de 100 metros por 75 florestas (o equivalente a um campo de futebol), Noruega e Alemanha decidiram suspender seu financiamento ao fundo brasileiro para a conservação da floresta da América do Sul, enquanto o presidente brasileiro considerou mais apropriado demitir o chefe da agência brasileira encarregada de monitorar o desmatamento, acusado de espalhar alarmismo e notícias falsas sobre as trágicas perdas nos últimos meses”, criticou o presidente do partido Federação dos Verdes da Itália. O Inpe foi duramente criticado por Bolsonaro, que acusou o órgão de estar a serviço de algumas ONGs ao divulgar dados “mentirosos” sobre o aumento do desmatamento. A polêmica resultou na demissão do diretor Ricardo Galvão. “O que está acontecendo no mundo em nome da soberania é um crime contra a humanidade”, finalizou Bonelli.
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