(ANSA) – A Assembleia Nacional da Venezuela, cuja maioria é contrária ao governo atual, declarou nesta terça-feira (13) a responsabilidade política do presidente Nicolás Maduro pela “grave” ruptura da Constituição, a violação dos direitos humanos e, principalmente, pela crise econômica e política que assola o país.
Sendo assim, o Parlamento deve dar início uma audiência preliminar sobre o assunto devido aos “feitos puníveis” que Maduro realizou durante sua gestão e avançar mais uma vez na questão da renúncia do presidente e da convocação de novas eleições presidenciais. A decisão parlamentar, no entanto, não tem capacidade real de tirar o presidente do seu cargo. “Não nos resta a menor dúvida de que o presidente Maduro tem responsabilidade política”, afirmou o líder do Parlamento, Henry Ramos Allup.
Durante seu discurso, o político destacou que é um dever da pátria querer se livrar “desses delinquentes que estão acabando com a Venezuela de maneira constitucional, pacífica, eleitoral e democrática” e que “quanto mais [tempo] o governo permanecer, muito pior será a situação do país”, já que, segundo ele, ” é necessário votar para comer”. Mesmo tendo sido aprovada por unanimidade pelos deputados de oposição, a bancada chavista, que apoia Maduro, saiu do plenário em protesto contra a votação, afirmando que retomar o processo contra o mandatário é “um golpe de Estado”.
“Hoje a a Assembleia Nacional deu um passo em falso e iniciou um golpe de Estado na Venezuela”, afirmou o chefe do governo no Parlamento, Héctor Rodríguez, que também acusou os deputados da coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD), que representa a maioria da Casa, de querer aplicar manobras que não existem na Constituição do país, nas leis e nem no regulamento da Câmara para tirar Maduro do poder.
“Na Venezuela não existe o processo de julgamento político ou de responsabilidade política contra o presidente, eles [os opositores] sabem disso, mas querem impor a violência como forma de fazer política”. Rodríguez ainda disse que a direita do país quer dar um golpe de Estado parecido ao que aconteceu em Honduras, Paraguai e, mais recentemente, no Brasil.
O julgamento político de Maduro voltou a ser debatido no Parlamento logo após uma breve pausa que aconteceu graças aos diálogos entre governo e oposição, que contaram com a mediação do Vaticano, mas que foram interrompidos unilateralmente pela MUD, que acusou o presidente de não cumprir com os pactos alcançados. A declaração da Câmara também se deu apenas dois dias após a retirada de circulação, no último domingo (11), de todas as notas de 100 bolívares, que costumavam ser as de maior valor, ordenada por Maduro para enfrentar supostas máfias colombianas que estariam armazenando as cédulas para desestabilizar a economia venezuelana.
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