(ANSA) – Na volta das audiências gerais nesta quarta-feira (05), após uma pausa no mês de julho, o papa Francisco pediu que a Igreja Católica não trate os casais divorciados como “excomungados” da comunidade. “As pessoas que começaram uma nova união após seu matrimônio sacramental ter falhado não podem ser, absolutamente, excomungadas e não devem ser tratadas como tal. Elas sempre farão parte da Igreja”, disse o Pontífice.
Em frente a sete mil pessoas, Jorge Mario Bergoglio pediu uma reflexão sobre o tema e disse que após conversar com as “famílias feridas pela incompreensão”, quer chamar a atenção para outra realidade dos católicos que é “como curar aqueles que tiveram que seguir em outras uniões após a irreversível falência de suas ligações familiares”.
“A Igreja sabe bem que tal situação contradiz o sacramento cristão, todavia o seu olhar de protetora deve agir sempre como um coração de mãe, que busca o bem e a salvação das pessoas. Por isso, para o amor da verdadeira Igreja, ela sente a necessidade de bem discernir as situações, como explicava o papa João Paulo II, entre quem causou a separação de quem a sentiu. É preciso fazer esse discernimento”, ressaltou.
A postura de aceitar os divorciados novamente aos sacramentos católicos será um dos temas mais importantes a serem debatidos durante o Sínodo dos Bispos sobre a Família, que ocorrerá em outubro. Apesar da postura de muitos membros do clero de não admitir quem está em um segundo casamento na comunhão, o Papa já destacou por diversas vezes que os divórcios “às vezes, são necessários”.
Desde que assumiu o Pontificado, o sucessor de Bento XVI pede para que os católicos não julguem as pessoas que vivem essa situação. Sua postura, no entanto, gera muitas críticas dentro da própria instituição e analistas acreditam que esse será um dos temas que mais provocarão divisão entre os bispos.
Em junho, foi divulgado o “Instrumentum Laboris” – documento que guiará os trabalhos entre os dias 4 e 25 de outubro – em que foram apresentados os principais pontos de discussão religiosa. Entre eles, está o início do processo de inclusão de cristãos homossexuais e de divorciados. – Não punir os filhos: Durante sua homilia na audiência geral, o papa Francisco ainda pediu especial atenção aos filhos dos casais separados. Para ele, é preciso que a comunidade católica “não coloque ainda mais peso” na vida dos pequenos.
“Como poderemos recomendar para os pais divorciados façam de tudo para educar os filhos na fé cristã, com exemplo de fé convicta e praticante, se nós os mantivermos longe da vida em comunidade, como se fossem excomungados? Não podemos acrescentar outros pesos para estes filhos que vivem em uma situação já difícil de aguentar”, destacou o líder da Igreja Católica.
Lembrando que hoje já são “muitas” as crianças e jovens que vivem nessa situação, o Pontífice pediu que é preciso fazer com que eles entendam que “a igreja aja sempre como uma mãe disposta ao encontro e ao ouvir”. Recomendando que a mudança precisa acontecer pela base das comunidades cristãs, Bergoglio diz que é “urgente” desenvolver nestes locais um “acolhimento real para as pessoas que vivem em tal situação”.
“Nestas últimas décadas, a Igreja não ficou insensível e, graças ao aprofundamento dos pastores, guiados e confirmados pelos meus antecessores, a consciência de que é necessária uma nova abordagem cresceu”, disse Francisco pedindo que a instituição fique sempre de “portas abertas para qualquer pessoa”. – Papa aparece mais bronzeado: Na volta às celebrações públicas, o papa Francisco apareceu com seu bom humor característico e até um pouco mais bronzeado.
Saudando os visitantes como de costume, o Pontífice brincou que a plateia “estava bem animada” para a audiência geral. Bergoglio não celebrava a sessão desde o dia 5 de julho e manteve uma agenda mais “calma” durante todo o mês.
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