Quem nunca ficou surpreso com tamanha esperteza de uma criança ao interagir sozinha com um smartphone? Elas conseguem desenrolar quase tudo, como fazer selfies, selecionar seus desenhos e jogos favoritos e muito mais. É assim, com os pequenos dedinhos deslizando na tela, que se resume a infância moderna, imersa na tecnologia como referência de lazer. Porém, especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertam para os impactos do uso excessivo dos dispositivos móveis e eletrônicos.
A OMS lançou em abril deste ano novas diretrizes para orientar pais e cuidadores de crianças menores de 5 anos quanto ao uso de aparelhos digitais, atividade física e horas de sono. Conforme o documento, crianças menores de dois anos não devem ter contato com telas e aquelas com dois anos ou mais devem assistir televisão por até, no máximo, uma hora por dia.
Não são só as crianças que devem fazer o uso adequado das tecnologias. Os adultos também devem dar o exemplo, pois os pequenos, de acordo com o psicoterapeuta Iarodi Bezerra, adquirem parte de seu aprendizado por meio da imitação de seus pais e adultos de sua referência. “Ao ver os adultos vivendo cada vez mais dependentes dos aparelhos tecnológicos as crianças tendem a seguir o mesmo caminho, tornando-se presas aos jogos virtuais”, alerta.
Para o especialista, a divisão da atenção dos adultos entre o bate-papo nas redes sociais e os momentos de interação com as crianças molda a forma de relacionar-se socialmente. Iarodi explica que a carência da conexão com o ‘aqui-e-agora’, consequentemente, os levam a aprender a viver em um mundo restrito ao virtual.
Ansiedade, transtorno do humor, psicose, transtorno do apego, baixa autoestima, insônia e outros inúmeros transtornos que podem atrapalhar o desenvolvimento infantil são reflexos dos impactos da exposição excessiva a aparelhos tecnológicos. “Os pais podem observar sintomas como nervosismo, dificuldade da criança em ficar longe deles de maneira descontrolada, agitação, agressividade, entre outras. Após observação é importante que os pais busquem acompanhamento psicológico para que tais problemas sejam sanados e gerem bem-estar para a criança e consequentemente para a família”, recomenda Iarodi.
Processos de aprendizagem
Para o psicoterapeuta o desenvolvimento infantil é único para cada geração. No processo de aprendizagem, a tecnologia é uma grande aliada. “Mas é necessário, no que diz respeito ao aprendizado infantil, que o uso dos recursos eletrônicos seja restrito e que o lúdico, o uso da psicomotricidade, da imaginação sejam amplamente utilizados. Faço uma ressalva que no processo de aprendizagem deve haver um alinhamento do corpo pedagógico com a família”.
Confira as recomendações da OMS
– Crianças menores de 1 ano: não devem ser expostas às telas; não devem passar mais de 1 hora restritas a carrinhos ou cadeirões; devem dormir de 14 a 17 horas (entre 0-3 meses) e entre 12 a 16 horas (4-11 meses), incluindo sonecas;
– Crianças de 1-2 anos: não é recomendado o uso de aparelhos eletrônicos e digitais; não devem exceder mais de 1 hora diária restritas a cadeirões e similares; devem passar 180 minutos por dia realizando atividades físicas; precisam dormir de 11-14 horas;
– Crianças de 2-4 anos: não devem exceder 1 hora diante das telas; podem passar no máximo 1 hora restritas a cadeirões e similares; ter 180 minutos diários em atividades físicas; dormir de 10-13 horas por dia;
Quantos aos pais, devem buscar realizar com seus filhos atividades lúdicas e priorizá-las evitando, nos momentos dedicados à família, o contato com smartphones, tablets, entre outros. Uma dica importante: não ter medo de dizer ‘não’, mesmo que a reação seja negativa por parte da criança.
Fonte: E+B Educação | Jaqueline Vaz
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