Um levantamento realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aponta que 13,2% das crianças entre 5 e 9 anos são afetadas pela obesidade infantil. A estimativa é que 6,4 milhões de crianças tenham excesso de peso no Brasil e 3,1 milhões já evoluíram para obesidade.
Esses números reforçam a importância da educação alimentar para que, desde cedo, seja possível evitar doenças como diabetes ou hipertensão que podem acometer as pessoas ao longo da vida. Diversos fatores genéticos e comportamentais podem estar associados ao alto índice, além de uma má supervisão do que é oferecido às crianças, seja nas escolas ou na própria casa, que também pode influenciar negativamente no desenvolvimento alimentar.
Por isso, responsáveis por crianças em idade escolar, que precisam levar lanches ou têm direito a refeição nas instituições de ensino precisam ter uma atenção maior ao que comprar ou ao que é oferecido pela escola. Salgadinhos, refrigerantes, biscoitos recheados devem sair de cena e dar mais espaço a alimentos que já conhecemos bem, como arroz, feijão, legumes e frutas.
Existem instituições que já oferecem uma alimentação mais saudável aos seus alunos, porém, a mesma medida não se aplica a todas. Pensando nisso, foi protocolado no Rio de Janeiro um Projeto de Lei que proíbe oferecer aos alunos e vender nas cantinas de colégios alimentos ultraprocessados e bebidas açucaradas, como forma de enfrentar a obesidade na infância e adolescência.
Na proposta, que segue em tramitação, além da proibição nas escolas, estabelecimentos comerciais como as cantinas, devem exibir os produtos ultraprocessados a um metro de altura dos estudantes. Na lista de alimentos vetados pelo projeto estão: refrescos, refrigerantes e bebidas do tipo néctar; embutidos; balas; congelados prontos para aquecimento; panificados cujos ingredientes incluam substâncias como gordura vegetal hidrogenada, açúcar, amido, soro de leite e outros aditivos; e bolos industrializados.
E por mais que os alimentos industrializados sejam mais práticos, por conta da correria do dia a dia e pela falta de tempo para se dedicar ao preparo de comidas saudáveis, pensar a longo prazo na saúde e bem-estar das crianças é essencial para uma vida tranquila. “Se alimentos ricos em açúcar ou gordura saturada não fazem bem para um adulto, imagine para uma criança que ainda está em fase de desenvolvimento. É muito importante manter uma dieta rica em frutas, verduras e alimentos ricos em vitaminas que ajudam na distribuição correta dos nutrientes no organismo. Crianças saudáveis certamente serão adultos saudáveis”, defende a nutricionista Luciana da Silva, 27.
A pandemia da Covid-19 também agravou a situação e teve como consequência um impacto importante na alimentação das crianças e adolescentes, além do aumento do sedentarismo. Os efeitos de uma mudança repentina na rotina dos pequenos foram negativos e afetaram não somente a saúde mental, mas também o bem-estar. Isso pode gerar um número ainda maior de jovens com excesso de peso. Por isso, cuidados com a saúde de forma multidisciplinar devem ser intensificados, o que inclui a prática de atividade física, menos tempo no celular, orientação de especialistas na área nutricional e afins.
“Se possível, pratique exercícios com as crianças. Se não tiver muito espaço em casa, faça atividades como dança ou alguns minutos correndo na própria rua, seguindo as recomendações de segurança por conta do Covid-19. Mostre a elas a imensidão de possíveis alimentos que podem ser consumidos, não somente biscoitos ou sucos de caixinha. Leve-os às feiras ou supermercados e os oriente a escolher opções que eles gostem. Ensine-os a preparar alguma refeição com ingredientes saudáveis. A família sempre será o maior exemplo para uma criança, então mais importante que ensinar a comer bem é mostrar que você também se alimenta de forma saudável”, salienta a profissional. Além disso, conhecer as preferências e os gostos dos pequenos é um passo a mais para uma mudança na alimentação. “Crianças gostam de coisas coloridas e o essencial é que no prato tenham cinco cores diferentes. Uma comida colorida é sinônimo de uma refeição com nutrientes necessários, além de ser uma forma de diverti-los associando o alimento com as cores. Por isso, invista em ingredientes que, de forma lúdica, promovam a educação alimentar aos pequenos”, conclui Luciana.
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