A taxa de suicídio entre os agentes penitenciários do estado cresceu significativamente em 2017 se compararmos aos últimos três anos. Isso, de acordo com o Sindicato dos Agentes de Vigilância e Escolta Penitenciária de São Paulo (Sindespe).
De janeiro até setembro, foram contabilizados sete suicídios, contra cinco calculados em todo 2016. Em porcentagem, esses números somam 40%. Os números desses funcionários que tiraram a própria vida são maiores que os que foram assassinados este ano: um em 2017 contra cinco em 2016.
Esses dados começaram a ser avaliados em 2014. Na época, não teve registro de suicídios, já o de assassinatos somaram oito e uma tentativa. Já a partir de 2015, os números foram crescendo: a entidade contabilizou dois suicídios, dois acidentes, seis homicídios e mais uma tentativa de assassinato.
Dois desses sete calculados, dois aconteceram na Grande São Paulo. Um, de um funcionário do presídio de Parelheiros, na Zona Sul, e outro no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na Zona Oeste da capital paulista. Também ocorreu suicídio de agentes nas penitenciárias de Reginópolis, próximo a Bauru, na penitenciária de Potim, no Vale do Paraíba, outro em Franca, e em Americana – Campinas.
Motivos
O diretor do sindicato dos agentes penitenciários, William Nerin, explicou o que pode ter motivado esses funcionários a cometer o autocídio. “A maioria deles são das torres. Eles acabam ficando sozinho em um lugar com armas, por horas, sem direito a intervalo. Nos carros de escolta, normalmente o agente está com outros três companheiros, pode conversar. Já na torre, há um isolamento e nem sempre a escala de intervalos para descanso é cumprida, para que o agente possa relaxar e descansar da pressão que cai sobre ele nesta função”, apontou Nerin.
O diretor ainda ressaltou que dentro das torres em que os agentes passam a maior parte, possuem três diferentes tipos de armas: uma pistola, uma arma longa (carabina de calibre 12 de munição de borracha, e um fuzil ou outro tipo de arma longa). No ano passado, um agente de 27 anos, tirou a própria vida na muralha da penitenciária de Araraquara, depois que voltou ao trabalho. Rodrigo Valerio Torre, estava de licença por problemas psicológicos.
“Ele chegou para trabalhar e mandaram ele para a torre de segurança da base. Ele pegou a sua arma, subiu para a torre e, nos primeiros minutos, matou-se”, afirmou Nerin. “Nas torres eles ficam sozinhos por turnos de 5 horas seguidas às vezes, porque não há efetivo suficiente”, acrescentou o diretor do sindicato.
Apoio
O Sindicato dos Agentes Penitenciários reclama que, na região, só há três pessoas responsáveis para ajudar esses funcionários. Número esse que é intitulado como sendo insuficiente.
No entanto, a Secretaria de Administração Penitenciária informou que criou centros de qualidade de vida e saúde para os servidores e que eles são incentivados a participarem de palestras que são promovidas, com o objetivo de minimizar as consequências de algum problema psicológico.
O CVV
Centro de Valorização da Vida é um centro que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail, chat e voip 24 horas todos os dias. Para quem precisar de ajuda o número 141 está disponível.
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