(ANSA) – O vírus zika, que no Brasil tem provocado um surto de microcefalia, despertou preocupação da comunidade internacional. Após a Dinamarca confirmar a primeira infecção no país, líderes como Barack Obama e Vladimir Putin fizeram apelos de combate à transmissão da doença e alertaram a população sobre viagens à América Latina.
O governo dinamarquês confirmou nesta quarta-feira (27) o primeiro caso de zika, de acordo com a agência de notícias Ritzau, que publicou que uma pessoa apresentou exames positivos para o vírus no Hospital Aarhus. O presidente russo, Vladimir Putin, pediu que a ministra da Saúde do país, Veronika Skvortsova, emita um alerta para todos os cidadãos do país que viajaram ou passarão pela América Latina. “Algo triste está chegando da América Latina. Os mosquitos não voam sobre oceanos, mas as pessoas infectadas, sim. Este vírus já chegou à Europa”, comentou Putin, segundo a agência Interfax.
Já o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reuniu-se com autoridades sanitárias e de segurança nacional para solicitar velocidade no diagnóstico de novos casos no país, assim como métodos de tratamento, prevenção e cura das infecções.
Os EUA confirmaram neste mês o primeiro caso de zika. Somente no estado de Nova York, três pessoas já foram diagnosticadas com a doença, que se relaciona com a microcefalia (má formação cerebral em fetos). Mas ainda são desconhecidas outras formas de transmissão – como sangue e sêmen– e os efeitos do vírus no organismo.
Na Europa, países como Itália e Reino Unido também já reportaram casos de infecção. O governo britânico até recomendou que os atletas do país tomem cuidado com possíveis casos de contaminação durante os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, em agosto. A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu nesta semana um alerta de que o zika vírus deve se espalhar pelas América. Os únicos países que estariam a salvo seriam Chile e Canadá, já que as temperatuas mais baixas não favorecem a proliferação do mosquito Aedes aegypti, que transmite a doença.
Até o momento, mais de 20 países e territórios na América já confirmaram casos do vírus: Barbados, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, El Salvador, Guadalupe, Guatemala, Guiana Francesa, Haiti, Honduras, Ilhas Virgens, Martinica, México, Panamá, Porto Rico, Paraguai, República Dominicana, St. Maarten, Suriname e Venezuela. Desde dezembro do ano passado, o Brasil já registrou aproximadamente 3,8 mil casos de zika.
Entenda a doença
No final do ano passado, o Ministério da Saúde do Brasil estabeleceu a relação entre o aumento da microcefalia no nordeste do país e a infecção por zika. Até agora, as autoridades de saúde brasileiras, com apoio da OMS, estão investigando qual o efeito que o zika poderia ter sobre os fetos. De acordo com a análise preliminar, o risco de aparição de microcefalia e malformações estaria associado com a infecção no primeiro trimestre da gravidez.
As grávidas têm o mesmo risco que o resto da população de serem infectadas com o vírus zika, que é transmitido pela picada de um mosquito Aedes contaminado. Muitas delas podem não saber que têm o vírus, por não terem apresentado sintomas. Apenas uma em cada quatro pessoas apresenta sintomas de infecção por zika e, entre as que são afetadas, a doença é geralmente leve.
Os sintomas mais comuns são febre e exantema (erupção cutânea ou urticária), muitas vezes acompanhados por conjuntivite, dores musculares ou nas articulações, com um mal-estar que começa entre dois e sete dias após a picada de um mosquito infectado.
Não há vacina ou tratamento específico para a infecção por zika. Por isso, o tratamento consiste em aliviar os sintomas, inclusive para as grávidas, que devem seguir as recomendações médicas.
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