Uma empresa que investe em spas para crianças a partir de cinco anos de idade na Espanha está sofrendo acusações de favorecer a sexualização de meninas.
O spa infantil nomeado como Princelândia é uma rede de franquias que é composto com 25 unidades espalhadas no país, onde as meninas aprendem coisas como pintar as unhas, fazer maquiagem para fantasias, desfilar ou participar de oficinas de cozinha.
O estabelecimento dispõe de serviço como manicure e pedicure e oferece o chamado “Princesa para Sempre”, que concretiza a imaginação das crianças em realizar o “sonho de se sentir uma princesa”. Tudo com um ambiente “maravilhoso” e em cor de rosa.
Recentemente foi aberta duas franquias na Catalunha que provocou mais polêmica em torno da Princelândia.
A fachada da unidade de Sabadell (30 km de Barcelona) já foi alvo de pichação nove vezes desde o inicio das atividades, em junho, com mensagens postadas por grupos feministas. A última dizia: “Princelândia é violência de gênero”.
Nas redes sociais existe uma campanha chamada #StopPrincelandia pede o fechamento total dos locais .A atitude foi do Projecte Ella (Projeto Ela), entidade que defende a igualdade de gênero. Júlia Mas a coordenadora do projeto afirma que a Princelândia transmite valores sexistas e reforça estereótipos de gênero. Ela ressalta ainda “Essas propostas de lazer contribuem para a desigualdade. Mostram às meninas um mundo cor de rosa, cujo objetivo é ser princesa, ser bonita e esperar por um príncipe. Os valores por trás desse tipo de lazer vão na contramão da sociedade igualitária que queremos para nossas crianças”, ela aponta que mesmo em uma atividade infantil se está educando e transmitindo uma visão do mundo às crianças.
A Princelândia esta situada na Espanha, México e Portugal e possui cerca de 150 mil clientes anualmente. O estabelecimento está em fase de ascensão e chegará ao Brasil em 2015. O dono da Princelândia, Miguel Ángel Parra, esclarece que as críticas são “exageradas” e as atividades que o SPA disponibiliza não passam de uma opção de lazer infantil comum com outra qualquer.
Ele ainda afirma que não há limitações para meninos que queiram fazer parte serão todos bem recebidos, “meninas e meninos podem brincar e se fantasiar do que quiserem”, diz.
De acordo com o diretor, as criticas aparecem pela falta de informação sobre o espaço e os serviços oferecidos pela Princelândia. “É um conceito universal, em que as crianças têm um momento de magia, fantasia e diversão”, diz.
O objetivo do local é favorecer o “talento criativo das crianças, ensinar sobre o cuidado e higiene pessoal e propiciar um espaço em que possam interagir”. “Vivemos numa sociedade moderna, plural e avançada. Aqui é um espaço para deixar voar a imaginação”, afirma.
A pronunciação não convence a deputada socialista Lourdes Muñoz, que integra a Comissão de Igualdade do Congresso espanhol. Muñoz que defende que esse tipo de atividade alimenta a discriminação sexual.
Em entrevista à BBC Brasil, a deputada, que também é engenheira informática e presidente da ONG Dones en Xarxa (Mulheres em Rede), adverte que é importante que as crianças brinquem de todo tipo de atividade, que não tem ligação com os papeis tradicionais reservados aos gêneros.
Para a igualdade de gênero, esclarece Muñoz, que é preciso ensinar desde cedo que meninos e meninas não estão condicionados a certas funções sociais e profissionais. “Minha crítica é voltada a um tipo de serviço de lazer dirigido só a meninas, com único objetivo de que elas se arrumem como se fossem mulheres”, afirma. Muñoz diz também que tanto a escola e família, como o informal têm o dever de incentivar as crianças a desenvolverem todas as suas habilidades.
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