Responsáveis por terem puxado os ganhos das locadoras nos últimos cinco anos, cerca de 160 mil motoristas de aplicativos (Uber e 99 Pop) devolveram os carros alugados por causa do baixo movimento após a crise do coronavírus.
Sem ter espaço, empresas estão alugando áreas de estacionamento. Para frear devoluções, o preço da locação foi reduzido em 50%. E para quem insiste na entrega do carro são oferecidas tarifas de R$ 10 por semana para mantê-lo, ainda que parado.
“É como se a empresa alugasse minha garagem e eu ainda tenho de pagar”, diz Daniel Marcílio, de 42 anos. Motorista do Uber desde outubro, ele aluga um modelo Fiat Argo da Localiza e pagava R$ 494 por semana, preço que caiu para R$ 247.
Ainda assim Marcílio quis devolver o carro, pois estava fazendo em média cinco corridas por semana. Antes da crise eram dez por dia. “Me ofereceram ficar com o carro por R$ 10 e decidi esperar mais um pouco. Mas, se a situação não melhorar, vou devolver na próxima semana.”
Paulo Miguel Junior, presidente do conselho da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), confirma que os pátios estão lotados e muitas empresas tiveram de alugar pavilhões e fazer acordos com estacionamentos e supermercados que estão com áreas ociosas para guardar parte das frotas. O setor abriga cerca de 10 mil empresas, com 75 mil funcionários.
“Temos frota de 997 mil veículos que normalmente estão em circulação, e ninguém estava estruturado para essa situação inusitada”, diz Miguel. Segundo ele, só para uso de aplicativos havia 200 mil carros alugados, e 80% foram devolvidos. A locação diária, para consumidores comuns, caiu 90%. Para frotas terceirizadas, a queda foi de 20%.
Segundo o executivo, cada empresa passou a adotar estratégias de acordo com seu fluxo de caixa, mas, mesmo com promoções como a de tarifas de R$ 15 a R$ 50 para locação diária o movimento segue fraco.
A Localiza informa apenas que “conta com estrutura logística robusta para alocar sua frota” e que “em sua rotina de atividades já utiliza espaços de terceiros para abrigar temporariamente parte de seus carros em função da sazonalidade de demandas”. Em relação às tarifas, afirma que a média diária por carro caiu de R$ 69,22 no primeiro trimestre para R$ 47 em abril.
A pandemia de coronavírus também vai frear o crescimento das locadoras. O setor saltou de faturamento de R$ 13,8 bilhões em 2016 para R$ 21,8 bilhões no ano passado. Neste ano, o resultado deve, no máximo, repetir o de 2019. A previsão inicial era crescer até 10%, diz o presidente da Abla.
Com informações do Estadão Conteúdo*
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