(ANSA) – A ex-presidente Dilma Rousseff negou saber que os pagamentos feitos à chapa Dilma-Temer para as eleições de 2014 da construtora Odebrecht eram feitos através de caixa 2 e contrariou assim o empresário Marcelo Odebrecht, que acusou a política de ter conhecimento sobre o assunto. Durante seu depoimento de quase quatro horas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na última quarta-feira (1º), no âmbito da medida que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, o ex-presidente da empreiteira confirmou que doou R$ 150 milhões para a chapa.
Além disso, o empresário também afirmou que parte desse dinheiro foi repassado ao ex-marqueteiro do PT João Santana no exterior e que Dilma tinha conhecimento disso.
Santana, junto com sua mulher, Mônica Moura, já havia sido acusado pela Operação Lava Jato de ter recebido cerca de R$ 22,5 milhões da Odebrecht em pagamentos ilegais entre 2014 e 2015. Sobre o assunto, a assessoria de imprensa da ex-presidente disse que “é mentirosa a informação de que Dilma Rousseff teria pedido recursos ao senhor Marcelo Odebrecht ou a quaisquer empresários, ou mesmo autorizado pagamentos a prestadores de serviços fora do país, ou por meio de caixa dois, durante as campanhas presidenciais de 2010 e 2014”. Ainda segundo o ex-presidente da construtora, cerca de 4/5 do valor que foi destinado à chapa pela empresa teve origem de caixa 2 e que R$ 50 milhões dele foi uma contrapartida pela aprovação da medida provisória dos Refis, que acabou sendo editada no governo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e cujo acerto foi realizado pelo ex-ministro Guido Mantega. A assessoria de Dilma disse que “também não é verdade que Dilma Rousseff tenha indicado o ex-ministro Guido Mantega como seu representante junto a qualquer empresa tendo como objetivo a arrecadação financeira para as campanhas presidenciais”.
Além disso, Marcelo Odebrecht também confirmou que participou de um jantar com o então vice-presidente do país, Michel Temer, em 2014, onde falou sobre doações ao PMDB. No entanto, o empresário disse que não conversou com Temer sobre valores, que, segundo ele, devem ter sido discutidos entre o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha e com o ex-vice-presidente de Relações Institucionais da construtora, Claudio Mello Filho. De acordo com uma nota divulgada pelo Palácio do Planalto, “o senhor Marcelo Odebrecht confirmou aquilo que o presidente Michel Temer vem dizendo há meses. Houve o jantar, mas não falaram de valores durante o encontro e a empresa deu auxílio financeiro a campanhas do PMDB. O Partido registrou o recebimento de R$ 11,3 milhões da Odebrecht, montante declarado regularmente ao TSE”.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.