(ANSA) – O governo da Venezuela anunciou o aumento do preço da gasolina em até 6 mil % no âmbito de um pacote econômico que tem como objetivo conter a severa crise que assola o país. Esse é o primeiro aumento do combustível, subsidiado pelo governo, em quase 20 anos.
Mesmo com o aumento, no entanto, o preço continua muito abaixo dos outros países e os motoristas pagarão centavos pelo litro de combustível. O preço da gasolina normal passou de 0,07 bolívares para 1 bolívar, um aumento de 1.328,5%. Já a aditivada passou de 0,97 bolívares por litro para 6 bolívares por litro, um aumento de 6.085%. A medida foi anunciada em meio ao estado de emergência econômica estabelecido pelo presidente Nicolás Maduro recentemente após a queda no preço do petróleo – que equivale a 95% das exportações do país — ter prejudicado a já combalida economia venezuelana.
A Venezuela sofre com uma inflação galopante (a maior da América Latina), acompanhada de uma crise produtiva, problemas de distribuição de produtos de primeira necessidade, mercado golpeado por medidas de restrição e regulamentação. “Essa é uma medida necessária, uma ação necessária para balancear as coisas e eu assumo a responsabilidade por isso”, disse Maduro em um pronunciamento de cerca de cinco horas. O presidente ainda disse que a renda extra captada com o aumento será destinada a programas sociais.
O aumento, no entanto, é considerado arriscado, especialmente diante do descontentamento crescente da população, pois, uma das últimas vezes que o governo tentou aumentar o preço da gasolina, em 1989, foi o estopim para uma revolta que ficou conhecida como “Caracazo”, que deixou dezenas de mortos e levou Hugo Chávez ao Poder. Maduro ainda anunciou um aumento de 20% no salário dos trabalhadores do setor público, que passará de 9.649 a 11.578 bolívares mensais.
Também será estabelecido um novo sistema de câmbio “flutuante”, de duas faixas de cotação, que substituirá o Sistema Marginal de Divisas (Simadi), de três bandas. “Vamos transformar o Simadi em um sistema complementar flutuante, que funcione de acordo com as regras de economia, dos objetivos sociais e do mercado”, apontou Maduro.
Na banda protegida, usada pelo governo para comprar remédios e outros insumos, a moeda venezuelana será desvalorizada, irá passar de 6,30 bolívares para 10 bolívares por dólar. Na flutuante, a cotação começa em 200 bolívares por dólar.
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