Após uma segunda-feira (6) de idas e vindas nos bastidores do Planalto, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), permaneceu no cargo após uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Nos últimos dias, Bolsonaro mostrou grande descontentamento com Mandetta devido aos rumos tomados no combate à pandemia do novo coronavírus (COVID-19). O presidente chegou a declarar que faltava “humildade” ao ministro e, sem citar nomes, afirmou que usaria sua caneta contra ministros que “estão se achando”. Mandetta, por sua vez, disse na sexta-feira (3) que “médico não abandona paciente”.
Antes do encontro com os ministros, Bolsonaro se reuniu a sós com Mandetta e garantiu a permanência do ministro no cargo. A CNN Brasil e o jornal O Globo apuraram que a conversa teve um tom grave, mas não foi um bate-boca. Mandetta falou que estava desconfortável, mas estava no governo para ajudar. Por parte de Bolsonaro, houve uma cobrança para que as restrições de circulação tenham uma solução no curto prazo.
Ao longo do dia, o Planalto chegou a avaliar a substituição de Mandetta pelo deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro da Cidadania, defensor do alívio das quarentenas impostas por governadores; ou pela médica Nise Yamaguchi, defensora do uso da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes de COVID-19. Ainda não há estudos científicos suficientes para comprovar a eficácia da substância nestes casos, mas Bolsonaro tem defendido o uso do medicamento.
À tarde, fontes do Ministério da Saúde relatavam que Mandetta iria deixar o cargo e seria substituído por Terra — que inclusive já estaria ligando para governadores para tratar de novas determinações sobre quarentenas.
No entanto, o presidente recebeu alertas de que a eventual saída de Mandetta seria mal recebida pelo presidente do Senado e do Congresso Nacional, e por ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). No Executivo, três ministros da ala militar – os generais Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Braga Netto (Casa Civil) e Fernando Azevedo (Defesa) — encabeçaram a ofensiva para dissuadir Bolsonaro da demissão.
No começo da noite, ministros deram informações e já asseguravam a permanência de Mandetta. Um deles disse que a reunião foi “melhor do que o esperado”.
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