Após a execução de um lutador, agora, o jogador Amir Nasr-Azadani, de 26 anos e que jogou em alguns dos principais clubes de futebol do Irã, também foi condenado à morte por “traição”, após participar de protestos contra o governo do país.
Amir vinha participando ativamente de manifestações a favor das mulheres. Em uma delas, que contestava a morte de Mahsa Amini (jovem morreu após ser detida pela polícia da moralidade), três policiais foram supostamente mortos.
Amir Nasr-Azadani está entre nove acusados da morte dos oficiais no evento, que aconteceu no dia 25 de novembro. O atleta de 26 anos foi detido dois dias depois da manifestação. Ele é acusado, também, de participar de um “grupo armado e organizado que tem a intenção de atacar a República Islâmica do Irã“. O governo, no entanto, não mostrou provas da participação do jogador. As informações são do Iranwire.
Várias personalidades do futebol árabe se posicionaram pedindo a liberação do atleta, incluindo o ex-jogador do Bayern de Munique e da seleção iraniana Ali Karimi. O FIFPro, sindicado dos jogadores profissionais de futebol, emitiu um comunicado em que se diz “chocado” com as notícias e exige a anulação da sentença.
Amir Nasr-Azadani atua pelo Iranjavan FC, do irã. O jogador, que se profissionalizou em 2015 no futebol, já vestiu a camisa de outros três clubes locais.
Entenda o caso
O Irã vive a maior onda de protestos no país desde 2009: milhares de pessoas estão nas ruas pelos direitos das mulheres iranianas. O estopim foi a prisão e morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos.
Mahsa foi detida capital Teerã após violar as regras iranianas sobre o uso de hijab, o lenço tipicamente islâmico que cobre a cabeça das mulheres. A polícia afirma que ela sofreu um infarto e não resistiu, porém, há denúncias que Mahsa teria sido atingida propositalmente na cabeça por um cassetete. Imagens da jovem desfalecendo na unidade policial foram divulgadas e revoltaram a população. A jovem ficou em coma, mas não resistiu.
O primeiro grande protesto aconteceu após o funeral de Mahsa, na cidade de Saqqez, no oeste do Irã. Nos protestos, as mulheres assumiram e ainda assumem grande protagonismo. Muitas andam com a cabeça descoberta, assim como Mahaa.
As manifestações, com o passar do tempo, tomaram proporções gigantescas. O que começou por uma demanda de justiça por Mahsa e o direito das mulheres agora atinge novas exigências por mais liberdade. Existe, inclusive, grupos de cidadãos que querem a deposição do estado iraniano. Entre os manifestantes, é possível ver inclusive diversas bandeiras do império iraniano, extinguido nos anos 1980 após a revolução islâmica.
Recentemente, o governo iraniano autorizou que manifestantes sejam condenados à pena de morte. A primeira pessoa a receber a punição não teve seu nome divulgado, mas no último dia 14 de novembro, foi punida por “perturbar a ordem e a paz da comunidade e cometer um crime contra a segurança nacional”. As denúncias contra o manifestante também incluem “ser inimigo de Deus” e “destruição internacional”. O atual governo iraniano é descendente da revolução islâmica de 1979.
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