(ANSA) O deputado federal e capitão reformado Jair Bolsonaro, do PSL, foi eleito neste domingo (28) como o novo presidente do Brasil. Com 94,44% das urnas apuradas, o ex-militar tem 55,54% dos votos válidos e não pode mais ser alcançado por Fernando Haddad (PT), com 44,46%.
Aos 63 anos de idade e dono de uma carreira parlamentar de três décadas e marcada por declarações preconceituosas, Bolsonaro conseguiu consagrar a extrema direita brasileira na esteira do antipetismo que tomou conta do país em função dos escândalos de corrupção e da crise econômica.
Com o lema “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, o presidente eleito entrou na disputa apoiado por uma base fiel e barulhenta, mas ainda visto como um vitorioso improvável no cenário político.
No entanto, a inelegibilidade de Lula o catapultou à condição de favorito, status fortalecido pelo atentado cometido por Adélio Bispo de Oliveira em Juiz de Fora (MG). Além disso, Bolsonaro ganhou impulso a partir de setembro, quando o eleitorado passou a identificar Haddad como o candidato do PT e de Lula, fazendo sua rejeição disparar. A opção do eleitorado conservador pelo deputado federal como o mais indicado para derrotar o petismo esvaziou as candidaturas de Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB) e Alvaro Dias (Podemos) e quase resolveu a eleição no primeiro turno, quando Bolsonaro teve 46% dos votos válidos, contra 29% de Haddad.
Segundo turno
Com “uma mão na faixa”, em suas próprias palavras, o capitão reformado optou por não participar de nenhum debate no segundo turno, apesar de ter sido liberado pelos médicos nos 10 dias finais de campanha. O próprio Bolsonaro reconheceu que essa foi uma decisão “estratégica”.
Focando seu discurso no combate à corrupção, aos “ativismos” e ao PT, o candidato do PSL ampliou sua vantagem para Haddad nas pesquisas até a reta final da disputa. Quando ele se encaminhava para uma vitória acachapante, ameaças de seu filho Eduardo Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a promessa da boca do presidenciável de “varrer do mapa os bandidos vermelhos” deram início a um movimento de redução de sua vantagem.
Já na véspera do pleito, ícones do combate à corrupção, como o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa e o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, odiados pelo PT, declararam apoio explícito a Haddad, ao contrário de Ciro Gomes (PDT). O movimento pró-Haddad, no entanto, não foi suficiente para reverter a disputa.
Bolsonaro iniciará a transição econômica já nesta segunda-feira (29) e pegará um país dividido, com dezenas de milhões de pessoas com medo de seus arroubos autoritários. Ainda assim, deve contar, ao menos no primeiro momento, com apoio no Congresso das bancadas da bala, ruralista e evangélica para implantar sua agenda.
Bolsonaro também terá a benevolência do mercado financeiro, empolgado com a perspectiva de uma política econômica liberal implantada pelo futuro ministro Paulo Guedes.
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