(ANSA) – Leonardo da Vinci estava certo este tempo todo. No início do século 16, o artista, inventor e cientista italiano afirmou que o que ligava o abdômen ao intestino era um órgão, o mesentério. Agora, séculos depois da descoberta do gênio, cientistas comprovaram a teoria e classificaram um “novo” órgão no corpo humano.
O mesentério foi considerado um órgão até 1885 quando o médico Sir Frederick Treves mostrou estudos que afirmavam que o tecido era apenas um ligamento do aparelho digestivo, já que ele parecia ser fragmentado. No entanto, a classificação dessa parte do corpo foi mudada mais uma vez neste ano graças às pesquisas conduzidas pelo pesquisador da University Hospital Limerick, na Irlanda, J. Calvin Coffeey.
A reclassificação foi publicada por meio de um artigo na renomada revista científica “The Lancet Gastroenterology & Hepatology” por Coffey e por outro pesquisador, Peter O’Leary. Nele, os dois cientistas afirmam que “a descrição anatômica de 100 anos atrás era incorreta. Este órgão está longe de ser fragmentado; é uma estrutura simples, contínua e única”.
O mesentério é uma dobra dupla do revestimento da cavidade abdominal, o peritônio, que faz a ligação entre a parede do abdômen e o intestino, permitindo que essa parte do aparelho digestivo se mantenha no lugar. “Sem o mesentério, para manter o intestino conectado, ele seria ‘colado’ diretamente na parede do corpo. É improvável que o intestino poderia contrair e relaxar em todo o seu comprimento se [ele e a parede] estivessem diretamente em contato”, disse Coffey.
O mesentério, então, “mantém o intestino em uma configuração particular, ‘engatado’, para que quando nós nos levantamos ou andamos ele não colapse na nossa pélvis e não funcione”, explicou o pesquisador. Além de proporcionar sustentação e de ser uma ligação entre a parte superior e inferior do corpo, o “novo” órgão também permite que as vísceras sejam bem irrigadas pela corrente sanguínea.
No entanto, as funções exatas do mesentério ou outras que ainda não foram descobertas, ainda serão objeto de muito estudo pelos cientistas. E as pesquisas que serão feitas a respeito poderão ajudar não apenas a conhecer mais o órgão como também descobrir que doenças o afetam.
Sobre isso, com os estudos sobre o mesentério também será possível entender o funcionamento de doenças em todo o sistema digestivo e repensar os tratamentos atuais que são dados a elas. Será possível, por exemplo, encontrar técnicas cirúrgicas menos intrusivas e perigosas que resultarão em uma recuperação mais rápida e saudável de um paciente.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.