(ANSA) – A justiça do Irã informou que executou nesta quinta-feira (8) a primeira sentença de morte contra uma pessoa condenada por participar das manifestações populares por mais liberdade das mulheres iniciadas em setembro após o falecimento da jovem Mahsa Amini.
O homem condenado à morte por enforcamento era Mohsen Shekari, acusado de ter agredido um policial e de ter bloqueado uma estrada para evitar a passagem dos agentes. Ele ainda teria pego a arma do policial em um ato realizado em Teerã em 25 de setembro.
Segundo a decisão oficial após o julgamento realizado em 10 de novembro, Shekari teria “confessado” o crime e foi condenado por “inimizade contra Deus”. Além do iraniano, ao menos outras 11 pessoas também receberam a mesma pena por participarem dos atos.
O diretor da Iran Human Rights, Mahmood Amiry-Moghaddam, alertou que essas execuções se tornarão diárias “se não houver rápidas consequências práticas em nível internacional”.
Além das pessoas sob condenação máxima, a mesma ONG já aponta mais de 470 mortes nos protestos por todo o país.
Amini, 22 anos, morreu em um hospital enquanto estava sob custódia da polícia da moral e dos bons costumes. Ela foi presa porque não usava o véu islâmico de maneira correta. Seu falecimento gerou uma onda de protestos pelo Irã que pedia, além de justiça, para que o rígido código de vestimenta de 1979 fosse revogado e para que as mulheres tivessem mais direitos.
Os atos ocorreram em mais de 160 cidades em todas as 31 províncias iranianas e são vistos como os mais intensos desde a Revolução Iraniana. As autoridades afirmam que as manifestações são incentivadas por “inimigos estrangeiros”, mas já anunciaram uma possível revogação da polícia da moral.
Reações
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, afirmou que “o desprezo pela humanidade do regime iraniano é sem fronteiras”.
“Mohsen Shekari foi condenado e executado com um processo perverso e rápido porque tinha uma opinião diferente do regime. Mas, a ameaça de execução capital não sufocará o desejo por liberdade das pessoas”, destacou.
Já o chanceler britânico, James Cleverly, disse que o Reino Unido está “indignado” e ressaltou que “o mundo não pode fechar os olhos perante uma violência gritante cometida pelo regime iraniano contra o seu próprio povo”.
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