O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou uma variação de 0,22% em agosto. É o melhor resultado do indicador para o mês desde 2010, quando apresentou variação de 0,04% em agosto.
O IPCA do mês passado apresentou uma retração de 0,40 ponto porcentual em relação a julho. Naquele mês, a variação de preços marcou 0,62% de crescimento. A queda de agosto foi puxada por preços mais baratos em transportes, com destaque para a retração de 24,9% no valor de passagens aéreas.
Os alimentos também ajudaram a inflação a recuar, especialmente os preços da batata-inglesa (-14,75%), do tomate (-12,88%) e da cebola (-8,28%). O segmento de bebidas também teve desempenho positivo no IPCA.
O botijão de gás também ficou mais barato (-0,44%), puxado por quedas expressivas nos preços verificados em Recife (-4,27%), Campo Grande (-2,69%), Rio de Janeiro (-1,12%) e Fortaleza (-0,99%).
O IPCA calcula o impacto dos preços sobre famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos em 10 regiões metropolitanas, além de Brasília (DF) e os municípios de Goiânia (GO) e Campo Grande (MS). O índice comparou preços entre 30 de julho e 27 de agosto.
Entre as regiões avaliadas, o menor indicador foi registrado em Brasília (-0,16%). A capital federal observou queda de 23,4% em passagens aéreas. Já Curitiba (PR) foi a a regição onde o IPCA registrou a maior alta (0,47%), influenciada por aumento de 3,02% nos preços dos combustíveis.
No acumulado do ano, o IPCA registra taxa de 7,22%, entre janeiro e agosto. “Na perspectiva dos últimos 12 meses, o índice situou-se em 9,53%, próximo aos 9,56% dos 12 meses imediatamente anteriores”, observa a nota técnica do IBGE.
INPC
Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação sobre famílias com renda entre 1 a 5 salários, teve variação de 0,25% em agosto. O resultado foi de 0,33 ponto percentual menor que o verificado julho (0,58%). Em agosto de 2014, o indicador pontou 0,18%.
Os alimentos ficaram 0,04% mais baratos, conforme o INPC, enquanto em julho a taxa foi de 0,56%. O grupo de produtos não alimentícios teve variação 0,38% em agosto, bem abaixo da taxa de 0,59% de julho.
O menor índice foi observado na região metropolitana do Rio de Janeiro (0,06%), na qual os alimentos apresentaram queda de 0,53%. A região metropolitana de Curitiba (PR) registrou a maior variação do INPC (0,56%), em razão do aumento nos preços de combustíveis. O litro da gasolina ficou 2,98% mais caro na capital paranaense e o do etanol, 3,67%.
O INPC fechou em 7,69% no acumulado do ano, acima dos 4,11% verificado no intervalo entre janeiro e agosto de 2014. Nos últimos 12 meses o índice está em 9,88%, acima dos 9,81% do mesmo período anterior.
Recuos
O IPCA e o INPC mostram um movimento positivo de arrefecimento da inflação em agosto, ao lado de outros dois índices divulgados na semana passada. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) havia mostrado, na sexta-feira (4), que os preços dos alimentos que compõem a cesta básica registraram queda em 15 das 18 capitais brasileiras pesquisadas no mês passado.
O indicador de agosto da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que mede a inflação para famílias com menos renda, apresentou na quinta-feira (3) uma melhora no Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1). Este indicador teve queda de 0,62 ponto percentual, em virtude de redução na escalada de preços de alimentos e de energia.
Apesar dos movimentos, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada hoje, ressalta que “o fato de a inflação atualmente se encontrar em patamares elevados reflete, em grande parte, os efeitos de dois importantes processos de ajustes de preços relativos na economia – realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres”.
A nota é uma espécie de resumo técnico da última reunião do comitê que administra a taxa básica de juros (Selic). No documento, o órgão do BC afirma que trabalha para construir o “cenário de convergência da inflação para 4,5% no final de 2016”.
O Copom destaca a necessidade de o país manter a “determinação e perseverança para impedir sua transmissão para prazos mais longos”. “Para o Comitê, os avanços alcançados no combate à inflação – a exemplo de sinais benignos vindos de indicadores de expectativas de médio e longo prazo – mostram que a estratégia de política monetária está na direção correta”, registra a ata.
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