(ANSA) – O Homo sapiens, o ser humano anatomicamente moderno, é mais antigo do que se imaginava. Fósseis descobertos em montanhas do interior do Marrocos sugerem que o primata bípede habitava o continente africano há pelo menos 300 mil anos, ou seja, 100 mil anos antes de sua “data de nascimento” oficial.
A pesquisa, publicada na revista “Nature” e coordenada pelo instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, revelou também que fósseis de animais encontrados permitiram que a dieta do ser humano daquela época fosse reconstruída. Ela tinha como base carne de gazela, zebra, avestruz, além de ovo.
A análise dos restos indicaram que os primeiros representantes do Homo sapiens se alimentavam também de moluscos de água doce, porcos, lebres, tartarugas e serpentes. “Parece que eram apaixonados pela caça”, comentou Teresa Steele, pesquisadora da Universidade da Califórnia, que analisou os fósseis. Os cortes e fraturas achados nos ossos mais longos indicam ainda que os primatas os rompiam para se alimentarem de medula.
As ossadas foram encontradas no sítio arqueológico de Jebel Irhoud e ajudaram os historiadores a reescreverem as origens do Homo Sapiens. Segundo eles, antes de emigrarem para a Europa, os primatas já tinham se realocado por todo o continente africano, e não apenas Etiópia e na região Subsaariana, como se acreditava até agora.
Dentre os restos fósseis, foram encontradas uma mandíbula e crânios correspondentes a cinco pessoas, entre adultos, adolescentes e crianças. A análise, conduzida por um grupo guiado por Jean-Jacques Hublin, demonstrou que eles representam a primeira fase evolutiva do Sapiens.
Segundo os pesquisadores, os rostos tinham características “modernas”, mas uma caixa craniana mais larga e arcaica. De um lado, a face dos indivíduos têm traços que lembram o que ainda vemos hoje nos seres humanos e a região do nariz e da boca não tinha projeção para a frente, como acontecia com outros primatas, como os neandertais.
Um outro estudo, guiado por Shannon McPherron, encontrou outros fósseis no mesmo sítio arqueológico, pertencentes a pessoas que viveram há cerca de 300 e 350 mil anos. Os restos mais antigos antes deles foram achados em Omo Kibish, na Etiópia, e tinham cerca de 195 mil anos.
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