Falar sobre a saúde íntima feminina ainda é um tabu para muitos. Como resultado, grande parte das mulheres não sabe como cuidar corretamente da região e acabam praticando maus hábitos que podem colocar sua saúde em risco. Então, pensando em uma forma de quebrar esse tabu e auxiliar na manutenção da boa saúde da genitália feminina, a Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira, ginecologista membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), listou oito hábitos que são comumente realizados pelas mulheres, mas que podem trazer sérias consequências para a saúde íntima.
Confira:
Lavar e secar as roupas íntimas no banheiro: Grande parte das mulheres tem o hábito de lavar as calcinhas ao tomar banho e deixá-las para secar no banheiro. Porém, esse hábito não é indicado, pois o banheiro é um local úmido e abafado, o que favorece a proliferação de microrganismos nocivos para a saúde da região íntima. “Por isso, o ideal é lavar as calcinhas e colocá-las para secar em ambiente arejado. Vale a pena também passar a roupa íntima antes do uso, já que o calor do ferro ajuda na eliminação das bactérias e fungos que podem estar presentes no tecido”, recomenda a ginecologista.
Utilizar o absorvente diariamente: Os absorventes devem ser usados para conter secreções e corrimentos abundantes, como a menstruação e a perda urinária, evitando assim a sensação de umidade ao longo do dia. Porém, o uso do produto deve ficar restrito a esses casos, pois os absorventes podem abafar a região, favorecendo a proliferação de fungos e bactérias e, consequentemente, o surgimento de infecções. “Em situações em que não é possível evitar o uso diário de absorvente, como nos casos de mulheres com incontinência urinária, o ideal é optar por absorventes respiráveis que não possuem película plástica e trocá-los a cada quatro horas”, afirma a médica.
Usar calcinhas sintéticas: Pode não parecer, mas a escolha da calcinha é fundamental para garantir uma região íntima saudável, visto que a peça está em contato direto com o local. “Geralmente, opta-se por calcinhas de tecidos sintéticos, já que tendem a ser mais baratas. Porém, esse tipo de tecido pode ser prejudicial para a genitália feminina, pois abafa a região, aumentando a transpiração e a umidade do local, o que, além de causar desconforto, favorece a proliferação de microrganismos responsáveis pelas infecções vaginais”, explica a Dra. Ana. Por isso, dê preferência às calcinhas de algodão, tecido natural que permite que a região íntima respire adequadamente.
Higienizar a região íntima incorretamente: É importante lembrar que higiene íntima não é higiene interna e a limpeza deve ser restringida a parte da vulva (órgão externo), evitando a vagina (canal interno). “A vagina acumula menor quantidade de sujidades, não necessitando de assepsia. Essa região também possui pH menos ácido. Logo, qualquer desequilíbrio em seu nível de acidez pode facilitar a proliferação de vírus, bactérias e fungos”, alerta a especialista. Na hora da limpeza, evite também o uso de buchas, cotonetes ou outros materiais que podem provocar ferimentos na pele dessa região. “Utilize apenas os dedos, que oferecem maior mobilidade e permitem que a remoção de sujidades seja feita de forma adequada e segura.”
Lavar a região íntima com muita frequência: A ginecologista ressalta que o ideal é lavar a vulva diariamente, mas evitando realizar o hábito com muita frequência ao longo do dia para evitar o ressecamento da região. “Porém, em alguns casos, a higiene da região íntima pode ser mais frequente, como após relações sexuais, para eliminar resquícios de lubrificante e evitar o surgimento de infeções urinárias, e durante o período menstrual, pois o sangue é um meio de cultura de bactérias, além de alterar o pH da região, facilitando a instalação de infecções”, completa.
Usar duchas, lenços umedecidos e sabonetes inadequados: O uso de duchas vaginais e de sabonetes bactericidas não é recomendado, pois altera a barreira de proteção da região. “Esses produtos podem eliminar microrganismos presentes na região que são responsáveis pela manutenção da acidez do pH da vulva, que é a forma de proteção da região contra bactérias e outros agentes patogênicos causadores de doenças”, diz a médica. Da mesma forma, lenços umedecidos também não devem ser utilizados, pois são muito ásperos e podem provocar irritações ou reações de hipersensibilidade. “O ideal então é optar por sabonetes neutros, sem cor, sem perfume e ginecologicamente testados, que vão manter o pH da região equilibrado. Além disso, dê preferência aos sabonetes líquidos, que não ficam expostos a bactérias que podem estar presentes no ar”, recomenda.
Beber pouca água: “A água é fundamental para o bom funcionamento do organismo, visto que estimula a circulação de sangue e ajuda a prevenir a infecção urinária. Então procure ingerir, no mínimo, dois litros de água por dia para permanecer hidratada e saudável.”
Usar roupas muito apertadas: Roupas mais robustas são extremamente confortáveis e ideais para quando queremos manter o corpo quente. O problema é que essas peças de roupas são inimigas da boa saúde íntima. “Isso porque essas roupas abafam a região íntima e favorecem a proliferação de fungos e bactérias que podem causar infecções vaginais, como a candidíase”, explica a especialista. “Por isso, evite usar calças muito apertadas com frequência e dê preferência aos tecidos mais leves e que permitem que o ar circule adequadamente. Se não for possível durante o dia, uma boa solução é usar peças mais leves na hora de dormir. Por exemplo, pijamas largos de algodão são uma boa substituição para o moletom.”
Por fim, caso você note algum tipo de alteração na região genital causada pelos maus hábitos citados acima, a Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira recomenda que você consulte um ginecologista. “Apenas ele poderá realizar uma avaliação do quadro e dar um diagnóstico correto, indicando o melhor tratamento e as recomendações mais adequadas para lidar com cada caso”, finaliza.
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