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Fiocruz investiga se muriçoca pode transmitir zika vírus

Será que a muriçoca pode transmitir o zika vírus? É isso que a Fiocruz Pernambuco pretende descobrir nas próximas semanas, quando será divulgado o resultado de um estudo iniciado em 2015.

Além da relação entre o zika e o Culex (nome científico da muriçoca), o centro de pesquisas investiga ainda quanto tempo o vírus leva para ser replicado no organismo do Aedes aegypti, principal vetor conhecido até agora. Os achados podem explicar a velocidade da epidemia de infecções e revelar um novo cenário epidemiológico da doença no Brasil.

O impulso para a realização da pesquisa no Recife veio da observação dos primeiros registros de epidemia do vírus, na Micronésia e na Polinésia Francesa. “Nestes lugares não são encontrados Aedes aegypti, desconfiaram que seria outra espécie do Aedes, mas não acharam nenhum mosquito infectado em campo. Nestes locais, no entanto, o Culex é abundante, mas essa hipótese de ele ser um vetor do vírus não foi estudada ainda”, explicou a vice-presidente e pesquisadora da Fiocruz, Constância Ayres, em entrevista ao Diário de Pernambuco.

Para confrontar a hipótese, 200 muriçocas foram infectadas pelo vírus em laboratório duas vezes – uma no começo e outra no fim de dezembro de 2015. O próximo passo é colher materiais do intestino e da glândula salivar das muriçocas. “Estamos aguardando alguns reagentes que serão importados e dependemos disso para continuar. O prazo é de 15 dias e se correr dessa forma acredito que em três semanas teremos o resultado”, explica Ayres.

Velocidade da transmissão 

O zika vírus, que foi identificado pela primeira vez em 1947, já está presente em quase toda América. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), além do Brasil, outros 20 países já registraram infecções. A rapidez na transmissão do vírus também é alvo do estudo.

“Ao infectar o mosquito em laboratório, conseguimos acompanhar o processo de replicação do vírus dentro do seu organismo, quanto tempo leva para sair do intestino e chegar na glândula salivar. A minha hipótese é que esse tempo é menor porque se o zika se espalha tão rápido, é porque de alguma forma o vírus é replicado mais rápido dentro do mosquito também”, acredita a pesquisadora Constância Ayres.

Para a pesquisadora, no entanto, independentemente da confirmação das hipóteses sobre a velocidade da transmissão e da muriçoca como vetor, é importante ter mais conhecimento sobre o processo do vírus no organismo do vetor, o que repercute na epidemiologia da doença.

Se descobrirmos, por exemplo, que de alguma forma o Culex não processa o vírus e pode driblar essa infecção, vamos poder identificar os genes dessa resposta imune e isso pode também gerar novas possibilidades de bloqueio da transmissão”, diz.

“Não tem tratamento específico e nem vacina. O elo mais vulnerável da transmissão  o mosquito. Entender como ele interage com o vírus pode nos ajudar a desenvolver outras formas de controle”, conclui a pesquisadora.

Outras pesquisas

Além dos trabalhos iniciados no ano passado, a Fiocruz Pernambuco quer descobrir se a fêmea infectada é capaz de transmitir o vírus para seus ovos, assim como acontece com a dengue, e em que proporção isso acontece.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário.Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop.MTB Jornalista 0002472/RNE-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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