O assentamento São José de Pedregulho, a 13 quilômetros de Ceará-Mirim, vai ganhar uma agroindústria para fabricação de polpa de frutas no próximo mês. A iniciativa vai mudar a vida de 20 mulheres e suas famílias, que há anos esperam pela oportunidade de viver do próprio cultivo. A associação de produtoras rurais da comunidade foi selecionada em um dos editais do projeto Governo Cidadão – que conta com recursos do acordo de empréstimo com o Banco Mundial.
“Estamos apostando em uma mudança de vida muito grande para toda a comunidade”, diz Francisca das Chagas Silva, 50, presidente da associação e moradora do local há 17 anos. Os investimentos somam R$ 239 mil e incluem a construção de uma unidade de beneficiamento de frutas – já em fase final de obra – e aquisição de novos equipamentos que irão aumentar a produtividade em até 200%.
Um dos desejos da agricultora está ainda mais perto de se realizar. Ela espera começar a beneficiar as frutas em dezembro para, no ano que vem, realizar o sonho de ter todas as 20 mulheres do projeto recebendo pelo menos um salário mínimo. O grupo está concorrendo para fornecer parte da merenda escolar de São Gonçalo do Amarante e Jardim de Angicos e já tem outros clientes em vista. “Nossos primeiros ganhos serão distribuídos coletivamente, mas assim que estivermos mais fortes, quero que cada uma receba seu salário”, projeta.
As 20 mulheres produzem atualmente caju, manga, mangaba, goiaba e graviola, mas pretendem diversificar ainda mais. Com a fábrica de beneficiamento funcionando e dando resultado, o próximo plano é adquirir um carro baú refrigerado para fazer o transporte das polpas de frutas.
A dona de casa Ana Lúcia Rodrigues, 47, há 18 anos mora em São José de Pedregulho. Planta alface, coentro, pimenta e tomate-cereja para vender na comunidade e ainda depende dos recursos do Bolsa Família. Há pelo menos 15 anos, desde que a associação foi criada, espera uma boa oportunidade para as mulheres do local. “Estou feliz e ansiosa para começar, porque esperamos muito por isso. Daqui pra frente não vamos penar”, destaca.
O projeto de economia solidária é tocado pela Sethas e Governo Cidadão. Somente na construção da unidade foram investidos mais de R$ 107 mil e a entrega está prevista para o final de novembro. As polpas produzidas ainda passarão pelo processo de certificação e criação de marca, o que irá agregar valor aos produtos, ampliando seus preços em cerca de 30%.
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