Pela segunda vez o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi citado na Operação Lava Jato. Eduardo Vaz da Costa Musa, ex-gerente da Área Internacional da Petrobras, fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) e afirmou aos procuradores que o presidente da Câmara dos Deputados tem ligação com o esquema de corrupção na estatal e que era dele a “palavra final” nas indicações políticas para cargos na Área Internacional da empresa.
“João Augusto Henriques disse ao declarante que conseguiu emplacar Jorge Luiz Zelada para diretor internacional da Petrobras com o apoio do PMDB de Minas Gerais, mas quem dava palavra final era o deputado Eduardo Cunha do PMDB/RJ”, diz trecho da delação de Musa.
Perguntado sobre a citação ao seu nome, o presidente da Câmara negou conhecer o ex-gerente da Petrobras e disse que não falaria sobre “divagação”. “Não sei quem é. Eu não posso ficar respondendo a cada divagação. Nunca ouvi falar nesse cidadão, não sei quem é. Não vou ser comentarista de delação”, afirmou o peemedebista.
Esta não foi a primeira vez que Cunha foi citado por um delator. Em julho, o ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo disse, em depoimento à Justiça Federal, em Curitiba, que foi pressionado pelo presidente da Câmara a pagar US$ 10 milhões em propinas para que um contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado. Do total do suborno, segundo o delator, Cunha disse que era “merecedor” de US$ 5 milhões.
Conforme Camargo, além dos US$ 5 milhões diretamente para ele, Cunha exigiu pagamento de propina ao lobista do PMDB Fernando Soares, conhecido como “Fernando Baiano”, um dos presos já condenados na Lava Jato.
“Tivemos um encontro. Deputado Eduardo Cunha, Fernando Soares e eu. […] Deputado Eduardo Cunha é conhecido como uma pessoa agressiva, mas confesso que comigo foi extremamento amistoso, dizendo que ele não tinha nada pessoal contra mim, mas que havia um débito meu com o Fernando do qual ele era merecedor de US$ 5 milhões”, afirmou Camargo.
No relato à Justiça Federal, o ex-consultor da Toyo Setal disse que Eduardo Cunha era sócio oculto de Fernando Baiano. À época, o presidente da Câmara desafiou Camargo a provar que ele pediu propina e afirmou que o delator estava sendo obrigado a mentir.
Investigado pelo STF
Cunha já é investigado na Operação Lava Jato. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou uma denúncia contra ele, em agosto, ao Superior Tribunal Federal (STF) por suposto envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras. O senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL) também foi denunciado.
Nas denúncias, o procurador-geral pede a condenação dos dois sob a acusação de terem cometidos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. De acordo com a Procuradoria, eles receberam propina de contratos firmados entre a Petrobras e fornecedores da estatal.
Na denúncia contra Eduardo Cunha, a Procuradoria também pede que sejam devolvidos US$ 80 milhões – US$ 40 milhões como restituição de valores supostamente desviados e mais US$ 40 milhões por reparação de danos. Os dos parlamentares negam as acusações.
Com informações do G1
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